Plataforma

sábado, 28 de agosto de 2010





Uma situação a ser observada e que na maioria das vezes passa por despercebida, é a nomenclatura que os chamados “pastores” querem utilizar sobre as ovelhas para preenchimento de seu ego, qual seja, serem chamados de “LÍDERES”…

Em relato algum das Sagradas Escrituras, em especial através da nova Aliança que Jesus cumpriu na cruz do Calvário, em o Novo Testamento que, em síntese, é o espelho da igreja atual, jamais encontramos um só versículo que designa tal terminologia, “LÍDER”…


Por relatos das Sagradas Escrituras, deparamos como nosso irmão Pedro em sua primeira epístola, capítulo 5, versículos de 1 a 4, onde em humildade, dá os desígnios do “verdadeiro homem de Deus”:

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho”.

Portanto, um verdadeiro pastor, apascenta, cuida, ama, dá exemplo…

... um verdadeiro líder, chefia, tem dominação baseada no prestígio pessoal.

Pois bem, aos pastores (presbíteros, bispos), se estes errarem, não há impedimento algum por vontade divina, que não devemos apontar os erros, antes pelo contrário, “aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor” [1Timóteo 5.20];

E, é neste sentido que Paulo repreende a Pedro na presença de todos [Gálatas 2.11-14].

Todos têm o conhecimento que a critica ensina a melhorar uma pessoa, a refletir quanto aos atos, ações, porquanto, aquele que não aceita critica não é apto a conduzir o rebanho do Senhor!

Infelizmente, muitos pastores interpretando versículos bíblicos a seu bel prazer e conveniência, transmitem este ensinamento que não devem ser criticados, e muitos engolem isto e se calam diante os erros pastorais...

Em outro sentido, a linguagem que muitos pastores transmitem é a do medo!

Sem nos esquecer da tão famosa afirmação: pastores são “ungidos do Senhor”... e por que seus defensores dizem que só Deus poderá julgá-los?

Esses homens (que alguns numa insanidade bíblica os chamam de “ungidos de Deus”) estão acima da lei de Deus?

É urgente e primordial um “basta” e parar com essa atitude de achar que homens que pregam o evangelho são melhores que os outros!

Todos somos seres humanos e sujeitos a erros e acertos; ser pastor não coloca ninguém acima do bem ou do mal.

Muitos, mas muitos, não têm capacidade de ter autoridade pela verdade do que dizem e vivem, então empurram certa “autoridade” garganta abaixo de seus discípulos em forma de ameaças usando pretextos bíblicos sem sentido, pois que, a verdadeira “autoridade” somente é a Jesus!

Nada pode calar a voz da justiça, porque “nada há encoberto que não haja de ser manifesto; e nada se faz para ficar oculto, mas para ser descoberto.” [Marcos 4.22].


Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo. Nos interesses de Sua Igreja.

sábado, 14 de agosto de 2010

As Mulheres Devem Servir como Pastoras?




Thomas R. Schreiner é professor de interpretação do Novo Testamento no Seminário Teológico Batista do Sul, em Louisville, Kentucky, onde ocupa a renomada cadeira James Buchanan Harrison. Seu livro mais recente é Run to win the prize: perseverance in the New Testament (Crossway, 2010).
As pessoas ocasionalmente perguntam-me se as mulheres devem servir no ministério. Minha resposta é sempre: “Sim, é claro! Todos os crentes são chamados para servir e ministrar uns aos outros.”
Entretanto, eu responderia de maneira diferente se a pergunta fosse mais precisamente assim: “Há ministérios nos quais as mulheres não devem servir?” Eu argumentaria que o Novo Testamento claramente ensina que as mulheres não deveriam servir como pastoras (função à qual o Novo Testamento também faz referências usando as palavras bispos ou anciãos). Fica claro no Novo Testamento que os termos pastor, bispo e ancião referem-se à mesma função (cf. At 20.17, 28; Tt 1.5, 7; 1 Pe 5.1-2) e, no restante deste texto, usarei os termos “ancião” e “pastor” alternadamente para designar essa função.
A PROIBIÇÃO DE PAULO EM 1 TIMÓTEO 2.12
O texto fundamental que estabelece que as mulheres não deveriam servir como anciãs é 1 Timóteo 2.11-15. Lemos no verso 12: “Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem” (NVI). Nessa passagem, Paulo proíbe que as mulheres realizem duas atividades que caracterizam o ministério dos anciãos: ensino e exercício de autoridade. Dentre outras partes, vemos isso nos trechos referentes às qualificações para a função: Os anciãos devem ter habilidade para ensinar (1 Tm 3.2; 5.17; Tt 1.9; cf. At 20.17-34) e para liderar a igreja (1 Tm 3.4-5; 5.17). As mulheres são proibidas de ensinar aos homens e de exercer autoridade sobre eles e, portanto, não devem servir como anciãs.
Essa proibição ainda está em vigor?
Mas, a ordem de que as mulheres não devem ensinar aos homens nem exercer autoridade sobre eles foi planejada para estar em vigor hoje? Muitos argumentam que Paulo proibiu as mulheres de servirem como anciãs porque nos dias dele, as mulheres não recebiam educação e, portanto, eram desprovidas da habilidade de ensinar bem aos homens. Também existe o argumento de que as mulheres eram responsáveis pelo ensino falso que estava preocupando a congregação à qual Paulo escreveu em 1 Timóteo (1 Tm 1.3; 6.3). De acordo com essa leitura, Paulo apoiaria o serviço dessas mulheres como pastoras depois que elas fossem apropriadamente educadas, e se ensinassem sã doutrina.
A proibição está fundamentada na criação, não em circunstâncias.
Essas tentativas de relativizar a proibição de Paulo devem ser julgadas como malsucedidas. Teria sido fácil para Paulo escrever: “Não quero que as mulheres ensinem, nem que exerçam autoridade sobre os homens porque elas não foram educadas”, ou, “Não quero que as mulheres ensinem, nem que exerçam autoridade sobre os homens porque estão espalhando ensino falso”. Contudo, qual razão Paulo realmente apresenta para a sua ordem no verso 12? A base lógica dele para tal ordem vem no verso seguinte: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva” (v. 13). Paulo não diz nada quanto a falta de educação ou quanto a mulheres promulgando ensino falso. Em vez disso, ele refere-se à ordem criada, à boa e perfeita intenção de Deus quando formou os seres humanos. É essencial cuidar para que a referência à criação indique que a ordem de as mulheres não ensinarem nem exercerem autoridade sobre os homens seja uma palavra transcultural, uma proibição ligada à igreja em todas as épocas e em todos os lugares. Ao dar essa ordem, Paulo não remonta à criação caída, às consequências sofridas pela vida humana como um resultado do pecado. Mais propriamente falando, ele fundamenta a proibição em toda a boa criação que existiu antes de o pecado entrar no mundo.
O motivo principal pelo qual as mulheres não deveriam servir como pastoras é comunicado aqui e, assim, o argumento da criação não pode ser rejeitado como limitado culturalmente. Além disso, o Novo Testamento contém muitas referências semelhantes à ordem criada. Por exemplo, o homossexualismo não está em harmonia com a vontade de Deus porque é “contrário à natureza” (Rm 1.26); ou seja, ele viola o que Deus pretendia quando fez seres humanos como homens e mulheres (Gn 1.26-27). Semelhantemente, Jesus ensina que o divórcio não é o ideal divino desde que, na criação, Deus fez um homem e uma mulher, significando que um homem deveria casar-se com uma mulher “até que a morte os separe” (Mt 19.3-12). Assim, também, toda comida deve ser recebida com gratidão desde que é um dom da mão criadora de Deus (1 Tm 4.3-5).
Em 1 Timóteo 2.11-15, Paulo especificamente fundamenta sua proibição de mulheres ensinando e exercendo autoridade na ordem da criação, isto é, que Adão foi criado primeiro e, depois, Eva (Gn 2.4-25). A narrativa em Gênesis é construída cuidadosamente, e Paulo, sob a inspiração do Espírito Santo, nos ajuda a ver o significado de Eva sendo criada depois de Adão. Os críticos ocasionalmente objetam que o argumento não convence desde que os animais foram criados antes dos seres humanos, mas isso falha em compreender o objetivo de Paulo. Só os seres humanos foram criados à imagem de Deus (Gn 1.26-27) e, portanto, o apóstolo comunica o sentido de Deus criar o homem antes de criar a mulher, isto é, que o homem tem a responsabilidade de liderar.
Em 1 Timóteo 2.14, Paulo apresenta um segundo motivo pelo qual as mulheres não deveriam ensinar ou exercer autoridade sobre os homens: “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”. O que Paulo pretende dizer aqui provavelmente não é que as mulheres são mais propensas a cometer erros do que os homens, pois em outro trecho as recomendou como professoras de mulheres e crianças (Tt 2.3; 2 Tm 1.5; 3.14-15), o que ele não faria se as mulheres fossem, por natureza, inclinadas ao engano. É possível que Paulo estivesse, mais uma vez, pensando no relato da criação, pois a serpente subverteu a ordem criada ao enganar Eva em vez de Adão (subvertendo, assim, a liderança masculina), ainda que exista evidência de que Adão estava com Eva quando a tentação ocorreu (Gn 3.6). O verso 14 não ensina que as mulheres são desprovidas de educação, porque engano é uma categoria moral, enquanto que falta de educação é remediada com o recebimento de instrução.
O fato de Eva haver sido enganada não pode ser atribuído a fraqueza intelectual, mas sim à rebeldia dela, ao desejo dela de ser independente de Deus. Além disso, a referência a engano aqui não indica que as mulheres de Éfeso tiveram um papel principal na difusão de ensinos falsos, pois os falsos mestres mencionados em 1 Timóteo são homens (1 Tm 1.20). De fato, se as mulheres fossem impedidas de ensinar por serem defensoras de ensinos falsos, teríamos a estranha e muito improvável situação em que todas as cristãs em Éfeso teriam sido enganadas por um falso ensino. Antes, a intenção de Paulo é dizer que o fato de Satanás haver tentado Eva em vez de Adão subverteu a liderança masculina, pois ele enganou e tentou a mulher apesar de Adão estar presente com Eva quando a tentação ocorreu. É verdade que, embora Eva tenha sido enganada antes pela serpente, a principal responsabilidade pelo pecado caiu sobre os ombros de Adão. Isso é evidente em Gênesis 3, pois o Senhor fala primeiro com Adão sobre o pecado do casal, e isso é confirmado por Romanos 5.12-19, onde a pecaminosidade da raça humana é traçada desde Adão e não de Eva.
Resumindo, 1 Timóteo 2.12 proíbe que as mulheres ensinem ou exerçam autoridade sobre homens na igreja. Essa proibição fundamenta-se na ordem da criação e é confirmada pela inversão de papéis que ocorreu na queda. Essa não é uma proibição limitada cultural ou contextualmente, que não aplica-se mais às igrejas.
O TESTEMUNHO CONFIRMATIVO DO RESTANTE DAS ESCRITURAS
O que aprendemos sobre os papéis dos homens e das mulheres tomando por base a criação dos mesmos.
O que vemos a respeito dos papéis dos homens e das mulheres no restante das Escrituras confirma o que lemos em 1 Timóteo 2.11-15. O livro de Gênesis dá seis evidências quanto aos maridos terem a responsabilidade principal da liderança no casamento: 1) Deus criou Adão primeiro e, depois, Eva. 2) Deus deu a Adão, e não a Eva, a ordem de não comerem do fruto da árvore. 3) Adão deu nome à “mulher”, assim como havia dado nome aos animais, indicando a sua autoridade (Gn 2.19-23). 4) Eva foi designada como “auxiliadora” de Adão (Gn 2.18). 5) A serpente enganou Eva e não Adão, subvertendo, assim, a liderança masculina (Gn 3.1-6); e 6) Deus veio primeiro a Adão, não obstante Eva houvesse pecado antes (Gn 3.9; cf. Rm 5.12-19).
O que aprendemos no ensino bíblico a respeito do casamento
O texto de Gênesis que foi mencionado concorda com o que descobrimos sobre casamento no Novo Testamento. Os esposos têm a responsabilidade principal da liderança, e as esposas são chamadas a submeterem-se à liderança de seus esposos (Ef 5.22-33; Cl 3.18-19; 1 Pe 3.1-7). O chamado à submissão para a esposa não está fundamentado em meras normas culturais, pois ela é chamada a submeter-se a seu esposo assim como a igreja é chamada a submeter-se a Cristo (Ef 5.22-24). Paulo designa o casamento como um “mistério” (Ef 5.32), e o mistério é que o casamento reflete o relacionamento de Cristo com a igreja. Então, a ordem para que os homens, e não as mulheres, sirvam como pastores concorda com o padrão bíblico de liderança e autoridade masculina dentro do casamento.
É crucial observar que um papel diferente para as mulheres não significa a inferioridade delas. Homens e mulheres foram igualmente criados à imagem de Deus (Gn 1.26-27). Eles têm igual acesso à salvação em Cristo (Gl 3.28) e, juntos, são herdeiros da grandiosa salvação que é nossa em Jesus Cristo (1 Pe 3.7). Os escritores bíblicos não lançam calúnias sobre a dignidade, inteligência e personalidade das mulheres. Vemos isso ainda mais claramente quando reconhecemos que, assim como Cristo submete-se ao Pai (1 Co 15.28), as esposas devem submeter-se aos seus esposos.
Cristo é igual ao Pai em dignidade e valor e, assim, sua submissão não pode ser compreendida como um indicador de inferioridade.
O que aprendemos em outras passagens sobre mulheres na igreja
1 Timóteo 2.11-15 não é o único texto que requer um papel diferente para homens e mulheres na igreja. Em 1 Coríntios 14.33b-36, Paulo ensina que as mulheres não devem falar na igreja. Essa passagem não proíbe que as mulheres falem absolutamente na assembléia, pois Paulo as encoraja a orarem e profetizarem na igreja (1 Co 11.5). O princípio de 1 Coríntios 14.33b-36 é que as mulheres não deveriam falar de uma maneira segundo a qual se rebelassem contra a liderança masculina ou tomassem sobre si uma autoridade injustificada, e esse princípio está em harmonia com a noção em 1 Timóteo 2.11-15, de que as mulheres não deveriam ensinar ou exercer autoridade sobre os homens.
Outro texto que nos direciona ao mesmo caminho é 1 Coríntios 11.2-16. Já vimos nessa passagem que Paulo permitiu às mulheres orarem e profetizarem na assembléia. É primordial entendermos que profecia não é um dom igual ao do ensino, pois os dons são distintos no Novo Testamento (1 Co 12.28). As mulheres serviram como profetas no Antigo Testamento, mas nunca como sacerdotisas. Semelhantemente, elas serviram como profetas no Novo Testamento, mas nunca como anciãs. Além disso, 1 Coríntios 11.2-16 deixa claro que quando as mulheres profetizassem, elas deveriam adornar-se de uma maneira que demonstrasse submissão à autoridade e liderança masculina (1 Co 11.3). Isso está de acordo com o que vimos em 1 Timóteo 2.11-15. As mulheres não são a liderança reconhecida da congregação e, portanto, não devem servir como professoras e líderes da congregação. O assunto fundamental em 1 Coríntios 11.2-16 não é o adorno das mulheres. Em todo caso, os estudiosos não estão certos de que o adorno descrito representa um véu ou um modo de usar o cabelo preso. Tal adorno era exigido nos dias de Paulo porque significava que as mulheres eram submissas à liderança masculina. Hoje, o modo como uma mulher usa seu cabelo, ou o fato de usar o véu não significa que ela é submissa ou não aos homens na liderança. Assim, deveríamos aplicar o princípio (ainda que não utilizemos a prática cultural específica) ao mundo de hoje: as mulheres deveriam ser submissas à liderança masculina, o que se manifesta em não servir como pastoras e professoras de homens.
CONCLUSÃO
As Escrituras claramente ensinam sobre os papéis únicos das mulheres na igreja e no lar. Elas são iguais aos homens em dignidade e valor, entretanto, possuem um papel diferente nesta jornada terrena. Deus deu-lhes muitos dons diferentes com os quais elas podem servir à igreja e ao mundo, mas elas não devem servir como pastoras. O Senhor não deu suas ordens para punir as mulheres, mas para que elas possam servi-lo com alegria, de acordo com a vontade dele.

domingo, 8 de agosto de 2010

Nosso Resgate – John Piper






... o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Marcos 10.45

Não existe na Bíblia a idéia de que Satanás deva ser pago a fim de permitir que os pecadores sejam salvos. O que aconteceu a Satanás quando Cristo morreu não foi pagamento, foi derrota. O Filho de Deus tomou-se humano para que "por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" (Hb 2.14). Não houve negociação

Quando Jesus disse que veio "dar a sua vida em resgate", o foco não estava em quem recebe o pagamento. O foco é sua própria vida em pagamento, e sua liberdade de servir em vez de ser servido, e dos "muitos" que se beneficiariam do pagamento feito por ele.

Se perguntarmos quem recebeu o resgate, a resposta bíblica certamente será Deus. A Bíblia diz que Cristo "se entregou por nós... como oferta... para Deus" (Ef 5.2). Cristo "a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus" (Hb 9.14). Toda a necessidade de um substituto que morresse em nosso lugar é porque nós pecamos contra Deus e estamos destituídos da glória de Deus (Rm 3.23). Devido ao nosso pecado, "todo o mundo é culpável perante Deus"

(Rm 3.19). Assim, quando Cristo se entrega como resgate por nós, a Bíblia diz que somos libertos da condenação de Deus. "Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1). O cativeiro máximo do qual precisamos libertação é o do juízo final de Deus (Rm 2.2; Ap 14.7).

O preço do resgate dessa libertação da condenação divina é ávida de Cristo. Não apenas ávida que ele viveu, mas sua vida entregue na morte. Jesus disse repetidas vezes aos seus discípulos: "O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e o matarão; mas, três dias depois da sua morte, ressuscitará" (Mc 9.31). De fato, uma das razões pelas quais Jesus gostava de ser chamado de "Filho do Homem" (mais de sessenta e cinco vezes nos Evangelhos) foi que tinha um sonido de mortalidade nesse nome. Os homens podem morrer. E por essa razão que ele tinha de ser homem. O resgate só poderia ser pago pelo Filho do Homem, porque o resgate era uma vida entregue na morte.

O preço não foi forçado dele. E daí que ele diz: "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir". Ele não precisava de nosso serviço. Ele era o doador, não o receptor. "Ninguém a tira (minha vida) de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la" (Jo 10.18). O preço foi pago livremente. Não houve coação. O que nos leva novamente ao seu amor. Ele escolheu livremente salvar-nos ao preço de sua vida.

A quantas pessoas Cristo efetivamente resgatou do pecado? Ele disse ter vindo dar sua vida em resgate por muitos. Contudo, nem todas as pessoas serão resgatadas da ira de Deus. Mas a oferta é para todos. "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos" (1 Tm 2.5,6). Ninguém é excluído dessa salvação que abarca todos os tesouros do Cristo redentor.

Livres do cativeiro do medo da morte – John Piper






Esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espirito, que em vós habita Romanos 8.11


Visto que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Hebreus 2.14,15


Jesus chamou Satanás de assassino. "Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade... é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). Mas o maior interesse do diabo não é matar. Ele quer condenar ao inferno. Na verdade, Satanás prefere que seus seguidores tenham aqui vida longa e feliz - para debochar dos santos que sofrem e esconder os horrores do inferno.

Seu poder de condenar os seres humanos não está nele mesmo, mas nos pecados que ele inspira e nas mentiras que ele conta. A única coisa que condena alguém ao inferno é o pecado não perdoado. Maldições, encantamentos, vudu, macumbas, sessões espíritas, magia negra, aparições, vozes - nada disso sozinho lança a pessoa no inferno. São apenas os sinos e apitos do diabo. A única arma letal que Satanás possui é o poder de nos enganar. Sua principal mentira é que a exaltação de si mesmo seja mais desejá¬vel do que a exaltação de Cristo, e o pecado seja preferível à santidade. Se essa arma pudesse ser retirada de sua mão, ele não teria mais o poder da morte eterna.

Cristo veio para isso - tirar a arma da mão de Satanás. Para tanto, Cristo tomou sobre si os nossos pecados e sofreu por eles. Quando isso aconteceu, eles não podiam mais ser usados pelo diabo para nos destruir. Zombar de nós? Sim. Debochar de nós? Sim. Mas nos condenar ao inferno? Não. Cristo veio e levou a maldição em nosso lugar. Por mais que ele tente, Satanás não pode nos destruir. A ira de Deus foi removida. Sua misericórdia é o nosso escudo. E Satanás não obterá sucesso contra nós.

Para realizar essa libertação, Cristo teve de tomar a natureza humana porque, sem ela, ele não poderia experimentar a morte. Só a morte do Filho de Deus poderia destruir aquele que tinha o poder da morte. Assim, a Bíblia diz: "Visto... que os filhos têm participação comum de carne e sangue [tinham uma natureza humana] destes também ele, igualmente, participou [assumiu uma natureza humana] para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo" (Hb 2.14). Quando Cristo morreu pelos pecados, tomou da mão do diabo a única arma que este tinha contra nós: o pecado não perdoado.

Ao fazer isso, era meta de Cristo livrar-nos do medo. Ao morrer ele libertou "... todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida" (Hb 2.14). O medo da morte escraviza. Ele nos faz tímidos e apagados. Jesus morreu para livrar-nos. Quando esse medo da morte é destruído por um ato de amor e sacrifício próprio, é quebrada a escravidão chata e egocêntrica da auto-preservação. Somos livres para amar como Cristo, ainda que ao preço de nossa vida.

O diabo pode até matar nosso corpo, mas não pode mais matar a alma. Ela está segura em Cristo. Mesmo o nosso corpo mortal um dia será ressuscitado. "Esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita" (Rm 8.11). Somos os mais livres dentre os povos. E a Bíblia não deixa dúvidas quanto ao motivo dessa liberdade:"... vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor" (Gl 5.13).

Morrendo por nossa Liberdade - John Piper







Algumas passagens das Escrituras são tão cheias de verdades cruciais que merecem mais atenção do que outras no sentido de serem memorizadas, consideradas e proclamadas.Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. (Hb 2.14,15).
Estes dois versículos de Hebreus colocam diante de nós uma seqüência das maiores realidades do mundo. Sabê-los de cor, e saber o que eles significam é um benefício maior do que a maior prosperidade da terra. Demore-se por um momento em cada frase.
Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue...

O vocábulo filhos é tomado do versículo anterior e se refere à descendência espiritual de Cristo, o Messias (ver Is 8.18; 53.10). São também os filhos de Deus. Ao enviar Cristo ao mundo, Deus tinha especialmente em vista a salvação de seus filhos. É verdade que "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito" (Jo 3.16). Mas também é verdade que Deus estava reunindo "os filhos de Deus, que andam dispersos" (Jo 11.52) e que Jesus deu sua vida pelas ovelhas (Jo 10.15). O desígnio de Deus era oferecer Cristo ao mundo para realizar a salvação dos seus filhos (1 Tm 4.10). Você pode experimentar a adoção como filho de Deus por receber a Cristo (Jo 1.12).
Destes [carne e sangue] também ele, igualmente, participou...
Cristo existia antes da encarnação. Ele era espírito. Era a Palavra eterna. Estava com Deus e era Deus (Jo 1.1; Cl 2.9), mas assumiu a carne e o sangue, vestindo a sua divindade de humanidade. Cristo se tornou completamente homem e permaneceu totalmente Deus. De muitas maneiras, isto é um grande mistério, mas está no âmago de nossa fé, e é o ensino das Escrituras.
Para que, por sua morte...
A morte foi a razão por que Cristo se tornou homem. Como Deus, Cristo não podia morrer pelos pecadores. Mas, como ho mem, Ele poderia. Seu alvo era morrer. Por conseguinte, Ele teve de nascer como homem. Nasceu para morrer. A Sexta-Feira da Paixão é a razão de ser do Natal. Cristo aceitou espontaneamente a morte. Era a intenção dEle. A morte não O pegou de surpresa. O sofrimento e a morte de Cristo estavam planejados pelo Pai desde a antigüidade. Isaías 53 os descreveu, com alguns detalhes, centenas de anos antes de acontecerem. Jesus escolheu tornar-se homem para que morresse.
Destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo...
Ao morrer, Cristo tornou ineficaz o poder do diabo. Como? Por cobrir todo o nosso pecado. Isto significa que Satanás não tem fundamentos legítimos para nos acusar diante de Deus. "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? E Deus quem os justifica" (Rm 8.33). Com que base Ele nos justifica? Por meio do sangue de Jesus (Rm 5.9). A arma fundamental de Satanás contra nós é o nosso próprio pecado. Mas, o que aconteceu na cruz anula o poder condenador de nosso pecado. "[Deus] tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz" (Cl 2.14). Se a morte de Jesus remove o poder condenador de nosso pecado, a principal arma de Satanás é tirada de suas mãos. Ele não pode mais argumentar em favor de nossa penalidade de morte, porque o Juiz nos inocentou por meio da morte de seu Filho! O aguilhão da morte foi destruído: nossos pecados foram perdoados, e a Lei, satisfeita (1 Co 15.56-57).
E livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.
Portanto, estamos livres do pavor da morte. Deus nos justificou. Satanás não pode reverter esse decreto. E Deus quer que a nossa segurança tenha um efeito imediato em nossa vida. Ele tenciona que a felicidade final remova a escravidão e o temor do presente. Se nãoprecisamos temer nosso último e maior inimigo, a morte, não precisamos temer coisa alguma. Podemos ser livres. Livres para o gozo. Livres para os outros.
Cristo morreu — considere este preço — para que você não tema. Avaliada pelo tamanho do sacrifício, a intensidade do compromisso de Deus com a nossa ausência de temor — a nossa liberdade — é imensurável. Aproprie-se dela. Desfrute-a. O poder libertador de Deus resplandecerá à medida que você experimentar a liberdade de vida.

O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO



O Princípio Regulador do Culto recebeu sua forma clássica e definitiva nas confissões de fé reformadas do século XVII. Foi editado em linguagem idêntica na Confissão de Fé de Westminster e na Confissão Batista Londrina de 1689. Desta última extraímos a seguinte afirmativa:
“A luz da natureza mostra que existe um Deus, que tem senhorio e soberania sobre todos, que é justo, bom, e faz o bem a todos; e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido, de todo o coração, de toda a alma, e com todas as forças. Mas a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem delimitada por sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras”.1
O Princípio Regulador do Culto afirma apenas isto: “O verdadeiro culto é ordenado somente por Deus; o falso culto é algo que Ele não ordenou”. Este era o conceito puritano a respeito do culto. Nas palavras de Samuel Waldron:
“Parece que um dos obstáculos de ordem intelectual que impede os homens de aceitarem o Princípio Regulador é que este envolve a idéia de que a igreja e seu culto foram ordenados de maneira diferente do restan- te da vida. No que concerne ao restante da vida, Deus estabelece para os homens os grandes e abrangentes princípios de sua Palavra e, de acordo com os limites estabelecidos nestas orientações, permite que eles conduzam suas vidas da melhor forma que puderem. Ele não dá aos homens orientações detalhadas sobre como devem edificar suas casas ou seguir carreiras seculares. O Princípio Regulador, por outro lado, envolve uma limitação na iniciativa da vontade humana, o que não é característico no que se refere ao restante de nossa vida. Evidentemente, isto admite que existe uma diferença entre a maneira como o culto da igreja deve ser regulado e a maneira como o restante da sociedade e a conduta humana devem ser ordenadas. Portanto, o Princípio Regulador está sujeito a ofender muitas pessoas, por considerarem-no como opressivo, específico e, por conseguinte, sob suspeita, por não estar de acordo com a maneira de Deus lidar com os homens e orientar os outros aspectos de nossa vida”.
Esta declaração é muito acertada, e reflete algo que realmente tem acontecido.
Não obstante, devemos considerar apropriado o fato de que a casa de Deus e a vida de seu povo são regulamentadas pelas normas e preceitos dEle. Temos de reputar apropriado o fato de que a adoração acompanhada de reverência, amor, devoção e regozijo em Deus seja fundamentada e regulada de acordo com as Escrituras e os princípios estabelecidos por Ele. A adoração para o crente deve ser uma expressão do amor de Deus retornando para Ele mesmo. Temos de expressar-Lhe quão maravilhoso e bendito Ele é. Portanto, é impossível adorá-Lo através de invenções e ingenuidades dos homens. É impossível adorá-Lo em uma atmosfera que não foi estabelecida e ordenada por Ele e sua Palavra. O Princípio Regulador, que encontramos na Bíblia e, fielmente expresso pelos puritanos, não deve ser deixado de lado porque nós e a cultura contemporânea somos mais fascinados e atraídos pelo entretenimento do que pela adoração a Deus.
Os puritanos presbiterianos, ao formular os artigos da Confissão de Westminster, e os batistas reformados, na Confissão de Fé de 1689, tinham o mesmo alvo: o culto aceitável a Cristo. Primeiramente, vamos considerar a Confissão de 1689 e veremos os argumentos bíblicos que apóiam sua afirmativa sobre adoração. Esta confissão diz:
“A luz da natureza mostra que existe um Deus, que tem senhorio e soberania sobre todos, que é justo, bom e faz o bem a todos; e que, portanto, deve ser temido, amado, louvado, invocado, crido e servido, de todo coração, de toda a alma, e com todas as forças”.
Nesta afirmação podemos ver os argumentos bíblicos e filosóficos para a existência de Deus precedendo aqueles que dizem respeito a adoração a este Deus existente. Se utilizássemos argumentos apologéticos, a própria luz da natureza nos levaria à conclusão de que existe um Deus.
Ele é o soberano Senhor do universo. Isto não significa apenas que Deus é soberano, mas também que Ele é soberano sobre todos, governando sobre todos os seres viventes, todas as criaturas, e átomos, e em todas as partes do universo. Ele é Deus sobre todas as coisas! Se existe um Deus que é bondoso, justo e faz o bem a todos ou, pelo menos, pode fazer o bem a todos, Ele tem de ser adorado, temido, amado, invocado, servido e nEle devemos confiar, com todo nosso coração, alma e forças. Se este Deus é santo, então existe uma maneira correta de nos aproximarmos dEle. De acordo com sua Palavra, o Senhor Jesus Cristo deu à humanidade não apenas a habilidade de aproximar-se mas também todas as diretrizes pelas quais podemos nos achegar a Deus. A expiação realizada por Cristo assegura isto aos eleitos. Em essência, a Confissão Batista de 1689 afirma que temos de servir a Deus simplesmente porque Ele é Deus. Deste modo, podemos observar que os puritanos batistas não podiam iniciar apenas afirmando como o culto a Deus deveria ser orientado e realizado, sem primeiro falarem algo sobre o Deus que temos de adorar.
A segunda parte do parágrafo diz o seguinte:
“Mas a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem delimitada por sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras”.
O vocábulo “aceitável”, cuidadosamente escolhido e utilizado, implica existir um modo inaceitável de adorar a Deus. E, visto que a adoração foi instituída por Deus, está limitada por aquilo que Ele revelou a respeito de Si mesmo. Somente o que lemos nas Escrituras, que expressamente estabelecem certas condições para o culto, constituem o culto aceitável. Aquilo que o homem procura fabricar, inventar, acrescentar e retirar ou aquilo que ele pode ser tentado a fazer por ouvir o diabo não é adoração aceitável a Deus. E os puritanos estavam certos ao afirmar que o culto a Deus não poderia ser realizado através de qualquer representação visível ou de qualquer outra maneira não prescrita nas Escrituras. Por isso, eles combateram a idolatria do catolicismo romano, bem como suas imagens, ídolos e qualquer tipo de “culto da vontade” (logo falaremos sobre o “culto da vontade”). Portanto, na Confissão Batista de 1689, os puritanos tinham como alvo a pureza do culto, ou seja, aquele que agrada a Deus, fundamentado exclusivamente na Bíblia. Eles não permitiriam, em boa consciência, que o homem pecador determinasse por que meios eles mesmos se aproximariam de Deus. E não é possível que qualquer cristão saudável imagine estar tão acima do pecado, que se ache capaz de mostrar para Deus a maneira pela qual se aproximaria dEle. Somente Deus, que é santo e puro, pode determinar, por Si mesmo, a maneira pela qual os seres humanos podem aproximar-se dEle.
Na Confissão Batista de 1689, existem quatro argumentos dos puritanos em favor do Princípio Regulador da igreja e de seu culto. Primeiro: somente a Deus pertence a prerrogativa de determinar os termos pelos quais os pecadores se aproximam dEle, em adoração. Samuel Waldron citou James Bannerman em seu folheto sobre o Princípio Regulador:
“O Princípio Fundamental que alicerça todo o argumento é este: em relação à ordenança do culto público, compete a Deus e não ao homem determinar tanto os termos quanto o modo pelo qual ele deve ser realizado. O caminho para nos aproximarmos dEle foi obstruído e fechado em conseqüência do pecado do homem; para este era impossível renovar o relacionamento que solenemente havia sido interrompido pela sentença judicial que o excluía da presença e favor de Deus. Aquele caminho seria aberto novamente, e a comunhão entre Deus e o homem, restabelecida? Isto era algo que somente Deus poderia determinar. Se isto aconteceria, em que termos aconteceria esse restabelecimento? De que maneira seria outra vez mantida a comunhão entre a criatura e seu Criador? Isto também era algo que somente Ele poderia resolver.” 
Com efeito, Deus é justo em suas prerrogativas, e a Bíblia demonstra que Ele exerce suas prerrogativas (Gn 4.1-5; Êx 20.4-6). Se Deus tivesse decretado que seria adorado somente por aqueles que usam camisas brancas, teria o direito de fazê-lo. Se Ele tivesse ordenado que todo crente deve usar camisas brancas para adorá-Lo, posso imaginar que todos os crentes, porque amam seu Senhor, sairiam e comprariam muitas, a fim de jamais ficar em falta. Eles viriam aos cultos da igreja usando as camisas brancas que Deus lhes ordenou usarem para sua adoração. Deus é o único que regula nossa adoração. Quão arrogantes são os homens ao se imaginarem no direito de determinar, numa pequena parte que seja, como Deus será adorado! 
O segundo argumento no princípio puritano sobre o culto é este: a introdução de práticas extra bíblicas tende inevitavelmente a anular e menosprezar o culto designado por Deus (Mt 15.3, 8, 9; 2 Rs 16.10-18). A passagem de 2 Reis 16.10-18 foi bem explicada por Samuel Waldron. Ele afirmou que aquele relato é uma maravilhosa ilustração do modo pelo qual práticas extra bíblicas inevitavelmente, e, com freqüência, de forma mui- to sutil, substituem a maneira designada por Deus. Waldron nos mostra que o rei Acaz, em sua apostasia e aliança com a Assíria, determinou em seu coração ter um altar semelhante ao que vira em Damasco. Acaz ordenou a construção daquele altar e que fosse colocado no lugar central do templo, antes ocupado pelo altar de bronze. O novo altar substituiu o anterior como o local onde os sacrifícios regulares, da manhã e da tarde, seriam oferecidos. Mas o altar designado por Deus não seria destruído. É claro que não! Seria apenas colocado em um canto (v. 14). Em uma observação em seu decreto sobre o assunto, o rei Acaz assegurou aos seus mais tradicionais súditos que não pretendia insultar o velho altar designado por Deus. O decreto terminava com estas palavras: “O altar de bronze ficará para a minha deliberação posterior” (v. 15). Os inovadores com seus lábios reconheciam os elementos de culto designados por Deus e, ao mesmo tempo, no exercício de tal adoração, acabavam anulando o valor de tais elementos. Isso ilustra admiravelmente a sutileza com que as práticas não ordenadas pela Bíblia tendem a substituir o culto designado pelas Escrituras. Essa tendência é constatada em igrejas evangélicas nas quais programas ingênuos ou mundanos, shows e apresentações musicais, oportunidades para testemunho, coreografias e mímicas, teatro, marionetes, danças e filmes cristãos assumem completamente o lugar ou restringem os ele- mentos de adoração ordenados nas Escrituras.
O terceiro argumento envolvido no princípio que os puritanos extraíram das Escrituras foi este: se os homens, pecadores, tivessem de acrescentar ao culto qualquer elemento não ordenado por Deus, eles estariam, por meio dessa atitude, questionando a sabedoria do Senhor Jesus e a plena suficiência das Escrituras. Em 2 Timóteo Paulo afirma: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3. 16-17). O homem de Deus mencionado nestes versículos não se refere a todo crente. Existem razões convincentes para identificarmos “homem de Deus” como uma referência a homens como Timóteo, que tinham o encargo de estabelecer a ordem e a liderança na igreja de Deus. Os presbíteros de uma igreja devem utilizar as Escrituras de tal maneira que estabeleçam e regulem a maneira como o culto será realizado. Eles não fazem isso impondo suas próprias idéias a respeito; pelo contrário, eles o fazem por manterem-se fiéis à Palavra de Deus, implementando o que Deus afirma e deseja no que concerne à adoração celebrada por seu povo. Portanto, as Escrituras são capazes de habilitar completamente o homem de Deus para toda boa obra na igreja de Deus, para a glória dEle através da adoração.
Em quarto lugar, os puritanos eram inflexíveis em provar que a Bíblia condena todo culto que não foi ordenado por Deus. Eis alguns textos que compravam isto: Levítico 10.1-3; Deuteronômio 17.3; 4.2; 12.29-32; Josué 1.7; 23.6-8; Mateus 15.8-9, 13; Colossenses 2.20-23. Consideremos Levítico 10.1-3 e as duas passagens citadas do Novo Testamento.
Levítico 10.1-3 afirma: “Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou” (Lv 10.1-3). Esta passagem inicialmente nos mostra que Nadabe e Abiú achegaram-se a Deus, para oferecer-Lhe incenso, mas Deus não o aceitou. Ele não se agradou do que aqueles homens Lhe estavam ofertando. Nadabe e Abiú ofereceram “fogo estranho”. Esta expressão é bastante admirável. Deus jamais havia dito que alguém não Lhe poderia oferecer aquele tipo de fogo. Você pode examinar toda a Bíblia, a fim de em vão procurar o mandamento que lhes proibia de fazer isso. Pelo contrário, descobriremos o que Deus positivamente havia dito. Embora não tenha proibido que alguém Lhe trouxesse esse fogo estranho, o texto bíblico nos mostra que Deus não o aprovou e matou os homens que o ofereceram. Nadabe e Abiú determinaram por si mesmos oferecer algo que Deus não havia expressamente pedido; e, por causa disso, foram “consumidos” pelo Senhor. O princípio aqui estabelecido permanece verdadeiro: Deus será “santificado” naqueles que se aproximam dEle. Isto significa que seu povo haverá de considerá-Lo “santo”, ou seja, completamente separado. Deus será glorificado, ou através da execução de sua justiça sobre homens que oferecem fogo estranho, ou através da correta adoração. O pecado de Nadabe e Abiú consistiu em oferecer a Deus aquilo que Ele não havia ordenado. Deus não havia previamente ameaçado de matá-los, se oferecessem fogo estranho; mas, apesar disso, Ele os matou. Este fato nos mostra que temos de fazer uma exegese cuidadosa da Palavra de Deus, para encontrarmos seu exato significado e nós mesmos não sermos vítimas da ira divina. Ele é exigente no que se refere ao seu culto.
A segunda passagem que desejamos considerar é Mateus 15.8-9: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”. Esta é uma declaração notável. Jesus mostra que pessoas, embora professem o nome dEle, realmente não O possuem, porque não O adoram em verdade. Elas O honram com seus lábios; declaram-se cristãs, dizem que O amam e afirmam muitas outras coisas. (Observe que nesta passagem da Bíblia Jesus estava falando sobre os fariseus, que pareciam ter sua religião caprichosamente empacotada com o rótulo “justo para Deus”.) Mas Jesus prosseguiu e declarou que os corações daqueles homens estavam longe dEle; estavam em outro lugar, bem distante. Não pertenciam a Cristo. Eles realmente não O adoravam. Pelo contrário, acrescentavam coisas à adoração divina e, deste modo, ensinavam como “doutrinas” (ou verdades do evangelho) as vãs imaginações dos homens. Os mandamentos criados por homens (tais como acréscimos ao culto) são condenados, porque em verdade não honram a Cristo. O homem não recebeu o direito de criar a atmosfera do culto e do aproximar-se de Deus. Jesus condena essa atitude da parte do homem.
A terceira passagem que desejamos examinar é Colossenses 2.20-23: “Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? 
Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade”. Nesta passagem, o apóstolo Paulo estava refutando a falsa adoração que os homens impõem sobre as demais pessoas. O culto que não está alicerçado na correta orientação fornecida pelas Escrituras é chamado de “culto da vontade”. Em essência, é uma adoração do “ego”, porque procede do “ego” e das coisas que o agradam. O “culto da vontade” acontece quando fatores humanos são os agentes pelos quais realiza-se a adoração. Com freqüência, ele ocorre quando o auditório diz ao pastor o que deve ser pregado e como o culto deve ser realizado. Muitas vezes a igreja satisfaz o mundo e cria uma atmosfera “não- agressiva” a este, de modo que as pessoas do mundo encham a igreja. Infelizmente, esta se torna semelhante ao mundo, ao invés de conversões de almas transformarem o mundo na igreja. A adoração se torna uma questão de gosto e conveniência. Os desejos humanos se tornam o elemento decisivo. Imaginem se Nadabe e Abiú pudessem visitar igrejas contemporâneas, eles cairiam de joelhos e lamentariam amargamente ao re- conhecer que seu pecado ainda é praticado, e com grande complacência e aceitação em nossos dias.
Os puritanos desejavam um culto simples e bíblico; regulavam-no pelas Escrituras, ao invés de o realizarem de acordo com a vontade deles mesmos. Eles não tinham qualquer desejo de oferecer “fogo estranho”, embora este fosse bastante “estimulante” ao auditório. Não estavam interessados em montar um “show”. Quando Elias estava no monte Carmelo (1 Reis 18), ele perguntou ao povo se eles queriam seguir a Deus ou a Baal. Ao ser confrontado por esta pergunta, o povo ficou em silêncio. Quando Elias declarou que desejava ter uma “competição” (um “show”) com os sacerdotes de Baal, o que aconteceu ao povo? Todos ficaram bastante interessados. “Sim, vamos ter um show.” E tiveram. Com igrejas contemporâneas dá-se o mesmo. Elas querem “show”; desejam que caia fogo do céu, que a igreja realize algo espetacular ou, pelo menos, promova tanto entretenimento quanto possível. Mas isso não agrada a Deus. E, se não fosse por causa da misericórdia de Deus, muitos hoje talvez fossem consumidos, assim como Nadabe e Abiú o foram.
(adendo do autor do blog: Se procurássemos nos pautar mais naquilo que está escrito na Bíblia e menos no 'Marketing eclesiástico' haveriam mais cristãos verdadeiros e menos espaço para 'estrelismo'. Hoje o que mais ouço é  a famosa frase: "Vou na igreja que me sinta bem!" e ninguém pensa que não se filia à uma igreja por sentimentos e desejos do coração, até porque o coração ainda é enganoso. Daí vemos tantos shows e entretenimento tanto televisivo quanto nas igrejas. O que tenho visto é que muitos que estão na igreja não têm a menor idéia de qual a razão para estarem ali. O culto têm se transformado num hábito social do mesmo nível que o 'macarrão com frango e farofa' e Deus vai sendo deixado de lado. As músicas tem sido cada vez mais hedonista que culto ao Deus Soberano. Não se ouve mais músicas que adorem ao Senhor pela sua Majestade, Justiça, Santidade. Não tem havido adoração nas igrejas. Então eu me pergunto: O que acontece nas igrejas hoje, é culto agradável a Deus ou culto ao Ego do próprio homem?) 
Que o Deus a ser adorado abra os olhos daqueles que necessitam ver. 
autor: Matthew McMahon 
retirado do site: http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=44