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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sete questões que o cristão precisa pensar antes de votar nas Eleições 2010





Seja vivo e ativo: veja, ouça e fale; envolva-se e transforme o futuro com ações inteligentes no presente.

1 - As pesquisas eleitorais não devem ser consideradas como método de escolha de candidato.

Não é porque alguém aparece em primeiro lugar que este alguém realmente está lá. Os institutos de pesquisas não perguntam para todos os eleitores brasileiros quem eles têm predileção. Então, por mais aproximadas que as amostragens estejam da verdade, sempre estarão na condição de espectro e jamais de realidade..E, se por acaso, o intituto de pesquisa estiver certo ao apontar o candidato que está em primeiro lugar no pleito eleitoral, esta situação não deve influenciar o eleitor a votar no tal político felizardo. Vote por você mesmo, e não por influência de instituições ou terceiros..

2 - Dupla cidadania.
Se a Bíblia é a regra de fé do cristão, o conteúdo dela tem, sim, que ser considerada na hora do voto. Isso é ser coerente, não é ação contradizente.. O Estado é laico, mas a sociedade não é. Quando o cristão vota de maneira pensada, escolhendo quem tenha pensamentos alinhados com o cristianismo ele prova ser inteligente e estar de acordo com a fé que tem em Deus..Então, usemos a urna com sabedoria, votemos em nosso favor, jamais votemos em quem é anticristão..

3 - Executivo e Legislativo.

O Congresso Nacional cria leis e o presidente sanciona ou rejeita as leis criadas. Conscientemente, como cidadão, o cristão deve votar no canditado a presidente que estiver mais alinhado com as suas ideias e fé..No Congresso Nacional, políticos cristãos lutam para barrar leis antibíblicas. Essa oposição cristã precisa continuar nas próximas gestões, aumentar inclusive.. A Igreja de Cristo não quer o aborto e outras práticas anticristãs sancionadas. Então, não convém eleger uma pessoa ao cargo de presidente que esteja disposto a aprovar projetos de leis estranhos e contrários ao cristianismo. É preciso trocar a filosofia edonista assentada na cadeira presidencial, evitar que o próximo presidente seja alguém com a mentalidade disposta a sancionar os projetos pró-aborto, anticristãos..Não faz sentido dizer “sigo a Cristo” e entregar o voto (dar autoridade política) para quem diz “Deus não existe”, e/ou “vamos criar leis contra a religião”..

4 - Não se deixe levar pelas propagandas fúteis do Horário Eleitoral.

Procure perceber o grau de intensidade da ação de marqueteiros políticos. Eles tentam vender ideias, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidentes, igual elaboram peças publicitárias de sabão em pó ou frigideiras. A propaganda política tenta transformar gente carrancuda em sorridente. As estratégias de publicidade se parecem com "compre a assadeira X e todos os seus problemas acabaram". O consumidor compra o produto que não funciona, o fabricante não troca o produto quebrado e não devolve o dinheiro. Incrível!.

5 - Vamos abortar o voto em candidatos favoráveis à legalização do aborto, PL 122/2006 e PNDH 3.
O partido do Lula contraria declaradamente a Palavra de Deus, tenta calar a voz da Igreja de Cristo com leis infames como o PL 122/2006 e o PNDH-3..O PL 122/2006 quer criminalizar quem prega a Palavra de Deus, quer colocar na cadeia cristãos pagadores de impostos, tratá-los como bandidos pelo simples fato deles mencionarem que na Bíblia Sagrada existe a declaração que a prática homossexual é pecado..No caso do PNDH-3, tenta legalizar o aborto e a profissão de prostituta, ensinar candomblé nas escolas e ao mesmo tempo proibir os símbolos cristãos em locais públicos.. Aborto! Eu apóio só um tipo de aborto. Quem dera todos os cristãos abortassem a ideia de votar em políticos aborteiros.. Como cristãos, não é conveniente dar aval para quem queira se eleger - viver às custas de altos salários do erário público - e agir contra a vida humana. Portanto, não votemos , e se possível façamos campanhas contra todos os candidatos que desejam descriminalizar o aborto e quem apóie o conteúdo do PNDH-3..

6 - Crente não pode votar em crente? Pode, sim.
Os crentes em Jesus Cristo precisam escolher bem ao votar, saber escolher quem após eleito dê passos de acordo com a mentalidade cristã.. O Estado é laico, mas a sociedade não é. E dentro desta condição todo cristão precisa agir pela fé, votar apenas em quem não é contra dogmas cristãos e respeite os conceitos bíblicos..Estamos em momento de decisão eleitoral, e para que os desejos de partidos anticristãos não se realizem é preciso que os cristãos votem conscientes, com o objetivo de afastar da vida política quem não está representando o ideal cristão..Solicitar que o irmão vote em irmão não é uma solicitação com a finalidade de institucionalizar a religião, colocá-la no Poder. É fazer valer o que cremos enquanto cidadãos cristãos e evitar que apareçam leis contra a cristandade brasileira. Este ato é o mesmo que olhar para o amanhã e fazer com que o futuro seja o que sonhamos para nossos filhos, netos e bisnetos..

7 - O pastor e sua sugestão.

Todos os cidadãos podem e devem apoiar uma candidatura que se alinhe com seus pensamentos e ideais de vida.. Quando os pastores ensinam o rebanho sobre a responsabilidade do voto, apóia canditados alinhados com o cristianismo, ele não está praticando a tentativa de voto de cabresto, ele apenas está exercendo sua influência de liderança comunitária. É direito democrático que lhe compete. Não é crime indicar candidatos e nem fazer propaganda eleitoral. Basta seguir as regras eleitorais..

E.A.G.

sábado, 11 de setembro de 2010

Não há Verdade que flua do Homem





“Que seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo homem” (Rm 3.4).

Por João Calvino

Seja qual for a interpretação que outros dêem a este versículo, eu o considero como sendo um argumento da conseqüência necessária de seu oposto. Por meio desta conseqüência, Paulo invalida a objeção precedente. Se as duas proposições, a saber: que Deus é verdadeiro e que o homem é mentiroso, permanecem juntas e se harmonizam, segue-se que a verdade de Deus não se invalida pela falsidade humana. Se Paulo não houvera contrastado estes dois princípios aqui, sua tentativa final de refutar o absurdo: como pode Deus ser justo, se ele enaltece sua justiça através de nossa injustiça? teria sido sem qualquer efeito. O significado, pois, é plenamente evidente: a fidelidade de Deus, a despeito de ser subvertida pela perfídia e apostasia dos homens, torna-se por isso mesmo mais evidente. Deus é verdadeiro, diz ele, não só porque está sempre pronto a permanecer fiel às suas promessas, mas também porque cumpre efetivamente tudo quanto declara em sua Palavra; pois ele diz: "Segundo meu poder, assim também será meu agir." O homem, em contrapartida, é mentiroso, não só porque às vezes quebra seus compromissos, mas também porque, por sua própria natureza, corre após a falsidade e foge da verdade.

primeira proposição é o principal axioma de toda a filosofia cristã. A segunda é tomada do Salmo 116.11, onde Davi confessa que não há no homem, nem dele procede, nada verdadeiro e justo.

Esta passagem é mui notável, e contém uma consolação muitíssimo necessária. Tal é a perversidade humana em rejeitar ou menosprezar a Palavra de Deus, que o homem freqüentemente duvidaria de sua veracidade, caso não se lembrasse de que a verdade de Deus não depende da verdade do homem. Mas, como isto se harmoniza com o que Paulo já mencionou previamente, ou seja: que a fim de tornar eficaz a promessa divina, a fé, que a recebe, é exigida dos homens, para que a promessa seja eficaz? Fé é o oposto de falsidade. A questão certamente aparenta dificuldade, porém se fará mais simples se compreendermos que o Senhor, a despeito das mentiras dos homens, que de certo modo se constituem em entraves à sua verdade, sempre encontrará um caminho por onde não existe caminho algum, de modo que ele emerja vitorioso ao corrigir em seus eleitos a inerente incredulidade de nossa natureza, e ao subjugar à sua obediência aqueles que aparentavam ser invencíveis. Deve-se salientar que Paulo está, aqui, argumentando sobre a corrupção da natureza, e não sobre a graça de Deus, a qual é o antídoto para essa corrupção.

Para que sejas justificado em tuas palavras. Eis o significado: Em vez de nossa falsidade e incredulidade destruírem a verdade de Deus, elas a tornam ainda mais evidente e mais proeminente. Davi dá testemunho a este respeito, dizendo que, visto ser ele um pecador, tudo quanto determine Deus fazer-lhe, será ele sempre um Juiz justo e eqüitativo, e dominará todas as calúnias dos ímpios que murmuram contra sua justiça. Pelo termo palavras de Deus, Davi quer dizer os juízos divinos que Deus pronuncia contra nós. Entender isto como sendo as promessas de Deus, como comumente se faz, seria por demais forçado. A partícula que portanto, não é final, e não se refere a uma conseqüência forçada, mas sugere a conclusão: "Foi somente contra ti que pequei, portanto me punirás com justiça." A objeção imediatamente adicionada -"Como seria possível a justiça de Deus permanecer perfeita se a nossa iniqüidade realça sua glória?" - prova que Paulo citou esta passagem de Davi em seu sentido genuíno e apropriado. Como já observei, Paulo teria em vão e inoportunamente prendido a atenção de seus leitores nesta dificuldade, se Davi não houvesse entendido que Deus, em sua extraordinária providência, fizesse até mesmo os pecados humanos glorificarem sua própria justiça.

Eis a segunda cláusula em hebraico: E sejas puro em teu julgar. Esta expressão significa simplesmente que Deus, em todos os seus juízos, é digno de louvor, não obstante muitos ímpios bradarem e com furor se esforçarem por extinguir a glória divina por meio de suas murmurações. Paulo seguiu a versão grega [Septuaginta], a qual também adaptou ao seu melhor propósito aqui. Sabemos que, ao citar a Escritura, os apóstolos às vezes usavam uma linguagem mais livre do que a original, desde que ficassem satisfeitos se o que citavam se aplicasse bem ao seu tema, e daí não se preocupavam muito com o uso [rigoroso] das palavras.

Portanto, eis a aplicação da presente passagem: "Se porventura algum dos pecados humanos fizer sobressair a glória do Senhor, e se ele for especialmente glorificado por sua verdade, então segue-se que até mesmo a falsidade humana serve para confirmar - em vez de subverter - sua verdade." Embora a palavra no grego possa ser considerada tanto ativa quanto passivamente, todavia os tradutores gregos indubitavelmente a tomaram num sentido passivo, contrariando o significado do profeta.
Fonte: O CALVINISTA

POR QUE LER OS PURITANOS HOJE?




Artigo
Acredito que existem várias razões para o ressurgimento do interesse pelos Puritanos e seus escritos. Uma delas é que as pessoas estão ficando cansadas de coisas que a religião promete, mas não pode dá-las. Todo tipo de promessas são feitas, mas as pessoas investigam a religião por causa do interesse próprio, e quando estas promessas não se tornam realidade elas ficam desapontadas. Creio que elas também estão cansadas da religião superficial e sem seriedade em sua base. Muitas pessoas não louvam a Deus, porque o deus do qual a maioria ouve falar realmente não é o "Senhor Deus onipotente que reina para sempre e eternamente". Ele é simplesmente "meu amigo", e esta familiaridade certa mente produz desrespeito!

Os puritanos foram homens apaixonadamente obcecados pelo conhecimento de Deus. Eu listei 10 razões do porquê devemos ler os puritanos hoje, e cada uma delas é derivada diretamente da visão Puritana de Deus e das Escrituras.

1) Eles elevarão o seu conceito de Deus a um nível que você jamais imaginou fosse possível, e lhes mostrarão um Deus que realmente é digno de seu louvor e adoração. Jeremiah Burroughs, em seu clássico livro Louvor Evangélico, disse: "A razão porque nós adoramos a Deus de uma maneira não séria, é porque não vemos a Deus em Sua glória". O homem moderno ouve falar de um Deus que não é digno de ser louvado. Por que ele deveria louvar a um Deus que quer fazer o bem, mas não pode ser bem sucedido porque o homem nÍ o coopera? Quem afinal é soberano? O homem o é!

Leia os puritanos e você se achará, num sentido espiritual, de alguma forma sozinho. Você se sentirá empolgado com aquilo que está lendo e com o que está sentindo em seu coração, e perceberá que não há muitas outras pessoas que entenderão daquilo que você está falando; esta pode ser uma solitária experiência! Quando você experimenta a visão que Isaías teve de Deus (Is. 6), e percebe que a realidade de Deus está infinitamente além de qualquer coisa que a sua mente possa compreender, você perceberá que o homem comum não pensa muito a respeito de Deus, muito menos no nível profundo que você está pensando.

Uma das razões de termos um pensamento tão pobre é porque lemos tão pouco. Ler ajuda-nos a pensar. Nós vivemos numa "cultura fotográfica" (visual) ao invés de uma cultura tipográfica (de letras). Tudo são fotos, vídeos e filmes. Todo trabalho está feito para nós e assim não precisamos lutar com conceitos. Outra pessoa interpreta as coisas para nós com imagens. Há 400 anos atrás, as palavras estavam congeladas, estáticas numa página e estas forçavam os leitores a trabalharem mentalmente com os pensamentos ali expressos.

2) Os Puritanos tinham um "caso de amor" com Cristo, e eles escreveram muito sobre a beleza de Jesus Cristo. Um dos maiores puritanos foi Thomas Goodwin, um Congregacional. Escrevendo sobre o céu, Goodwin disse: "Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno para mim sem Cristo". O céu sem Cristo não é o céu, e se Cristo não estiver lá, eu não tenho nenhum desejo de estar lá. Estes homens estavam apaixonados por Cristo.

James Durham escreveu na sua aplicação do sermão sobre Cantares de Salomão 5:16: "Se Cristo é amor como um todo, então todo o resto é repulsivo como um todo". Nós não nos sentimos assim em relação a Cristo, sentimo-nos? Queremos um pouquinho de Cristo, mas também um pouquinho de várias outras coisas. Mas o verdadeiro cristão quer Cristo e nada além de Cristo.

Samuel Rutherford escreveu o seguinte a respeito da beleza de Cristo:

Eu ouso dizer que escritos de anjos, línguas de anjos, e mais que isso, e tantos mundos de anjos como existem pingos de água em todos os mares e fontes e rios da terra não O poderiam mostrar-lhe. Eu acho que Sua doçura inchou dentro em mim até a grandeza de dois céus.

Ah! Quem dera uma alma tão extensa, como se estendesse até a linha final dos mais altos céus para conter o Seu amor. E ainda assim eu poderia conter só um pouquinho deste amor. Oh! que visão, de estar no céu, naquele lindo jardim do Novo Paraíso, e assim ver, sentir o cheiro, tocar e beijar aquela linda flor-do-campo, a árvore sempre verde da vida! A sua sombra seria o suficiente para mim; uma visão dEle seria a garantia do céu para mim.

Se existissem dez mil milhões de mundos, e tantos céus cheios de homens e anjos, Cristo não seria importunado para suprir todos os nossos desejos, e nos preencher a todos. Cristo é uma fonte de vida; mas quem é que sabe qual a sua profundidade até o ponto mais fundo? Coloque a beleza de dez mil mundos de paraísos, como o jardim do Éden em um; coloque todas as árvores, todas as flores, todos os odores, todas as cores, todos os sabores, todas as alegrias, todos os amores, toda doçura em um só.

Oh! Que coisa linda e excelente isso seria? E ainda assim seria menos para o lindo e querido bem-amado Cristo do que uma gota de chuva em todos os oceanos, rios, lagos e fontes de dez mil mundos.

Isto é alguém que ama a Cristo, não é?

3) Os Puritanos nos ajudarão a entender a suficiência de Cristo. Isto sofre grandes ataques em nossa igreja moderna. Você pode ter Cristo para salvá-lo, mas hoje em dia você precisa da psicologia para ajudá-lo no curso de sua vida. Pode ter Cristo para salvá-lo e ajudá-lo com seus sofrimentos espirituais, mas você precisa de algo mais para estas dores emocionais profundas que sente.

Existe um livro escrito por Ralph Robinson — contemporâneo de Thomas Watson em Londres — "Cristo: Tudo e Em Tudo". Robinson escreveu mais de 700 páginas sobre um versículo de Colossenses, "... porém Cristo é tudo e em todos" (Cl 3:11). Você percebe que a questão é a nossa deficiência em entender a suficiência de Cristo. Se Cristo é tudo em tudo, como podemos olhar para qualquer outro, ou para qualquer outra coisa em busca de respostas?

No seu livro "O Tesouro dos Santos", Jeremiah Burroughs tem um sermão sobre o versículo de Colossenses. Burroughs faz uma afirmação como segue: "Certamente Cristo é um objeto suficiente para a satisfação do Pai". Nenhum de nós argumentaria contra isso, não é mesmo? Isaías nos diz que Deus verá o "fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito". Assim, Cristo é suficiente para satisfazer a Deus. Burroughs continua: "Certamente, então, Cristo é suficiente para satisfazer qualquer alma!" Você compreende o raciocínio? Coit ado daqueles cristãos que gastam suas vidas inteiras se queixando acerca de seu destino na vida, como se Cristo não fosse suficiente. Que blasfêmia é dizer que Cristo é suficiente para satisfazer a Deus, mas não é suficiente para satisfazer a mim! Muito antes de existir um Freud, um Puritano solucionou o problema da "balela da psicologia" que tanto tem fascinado e agradado a igreja hoje.

4) Os Puritanos nos ajudam a ver a suficiência das Escrituras para a vida e a piedade. Isto é o que Pedro disse (2 Pe 1:3-4). As Escrituras nos dão o conhecimento de Deus, o qual nos dá todas as coisas pertinentes à vida e à piedade. O grito de guerra da humanidade hoje é mais ou menos assim: "Estou buscando a auto-estima", ou "Quero apenas estar de bem comigo mesmo".

Os cristãos não carecem de auto-estima; eles carecem de dispensar estima a Cristo! Isaías descobriu quem Deus era e daí ele soube quem de fato Isaías era. Eu me lembro de ter sido convidado para falar numa palestra em outro continente, e pediram-me para falar de mim. Não posso imaginar nada mais constrangedor do que as pessoas ficarem sabendo algo a meu respeito. No livro"Tesouro dos Santos" de Burroughs, seu primeiro sermão é intitulado "A Incomparável Excelência e Santidade de Deus" e é baseado num versículo do Velho Testamento "Quem é como Tu, oh Deu s, entre as nações?". É um sermão de 35 páginas, e Burroughs fala do esplendor de Deus em metade do sermão. Daí ele escreve sobre a segunda metade do versículo "e quem é como Tu, oh Israel?". Qual é o ponto em questão? Sendo que não há ninguém comparável ao Seu Deus, não há ninguém como você! Assim, você não precisa de auto-estima para sentir-se bem consigo mesmo; você precisa ter "Cristo-estima"; você precisa sentir-se bem com Deus.

Se o homem é criado à imagem e semelhança de Deus, como poderia alguém ter falta de auto-estima? Cristo deu Sua vida, pagando um alto preço por Sua Igreja. Isso é verdadeiramente digno, meus amigos!

5) Os Puritanos podem ensinar-nos sobre a extrema maldade da natureza do pecado. Edward Reynolds escreveu um livro intitulado "A Pecaminosidade do Pecado", e Jeremiah Burroughs escreveu "O Mal dos Males". Não há outra doutrina que importe sermos mais ortodoxos do que nesta. Porque se você está fora da doutrina do pecado, você está fora de toda doutrina. Este é o fio da meada que vai abrir todo o invólucro.

Burroughs escreveu 67 capítulos sobre esta premissa: O pecado é pior que o sofrimento; as pessoas farão tudo que puderem para evitar o sofrimento, mas farão quase nada para evitar o pecado. O pecado é pior que o sofrimento, isso, no entanto, é porque o pecado causa o sofrimento. De fato Burroughs vai ao ponto. O pecado é pior que o inferno, porque o pecado causou o inferno. E a causa é pior que a conseqüência da causa.

Obadiah Sedgwick, um presbiteriano Londrino proeminente e que era um membro da Assembléia de Westminster, escreveu um livro perscrutador "A Anatomia dos Pecados Ocultos" — um tratado sobre o clamor de Davi pedindo para ser liberto de pecados ocultos; aqueles pecados escondidos nos recessos mais íntimos de nossos corações. Aqueles pecados que não são conhecidos de mais ninguém, só por nós e Deus, pecados que são tão maus e condenados como quaisquer outros.

Jonathan Edwards disse o seguinte acerca do pecado: "Todo pecado é de proporção infinita, e é mais ou menos mau dependendo da honra da pessoa ofendida. Já que Deus é infinitamente santo, o pecado é infinitamente mau". É por isso que não existe esse negócio de pecado pequeno (pecadinho), porque o mais leve pecado é um ato de traição cósmica cometida contra um Deus infinitamente santo.

Simplesmente por seu enorme valor literário, este material não tem preço. As imagens de Edwards em seu sermão"Pecadores nas Mãos de um Deus Irado" são imbatíveis. Ele compara Deus com um arqueiro e seu arco em mãos; aquele arco está retesado e a flecha está diretamente apontada para o coração do homem; os braços do arqueiro estão trêmulos de tão firme que o arco está ao ser puxado. E Edwards diz que a única coisa que impede Deus de deixar aquela flecha voar e penetrar no sangue do pecador é o beneplácito de um Deus que está infinitamente irado com o pecado a cada dia. Um escritor secular que estava fazendo uma obra sobre Jonathan Edward s foi perguntado por um cristão: "Você sabe, se Edwards tiver razão então aquela flecha está apontada para o seu coração. Como você pode dormir à noite?". A resposta foi a seguinte: "Às vezes eu não durmo! Só espero em Deus que Jonathan esteja errado".

6) Os puritanos nos ajudarão na vida prática. O livro de Richard Baxter, "O Diretório Cristão", tem sido chamado de "o maior manual de aconselhamento cristão jamais produzido". Antes do presente século todo aconselhamento era feito do púlpito ou durante uma visita pastoral à família para catequizá-la. Os pastores eram vistos como os médicos da alma. É interessante notar que a palavra "psicologia" significa o estudo da alma. Suke, de onde temos "psyche" e de onde vem "psicologia" quer dizer "alma". Só que hoje em dia o que costumava ser a cura de almas pecaminosas, passou a ser a cura de mentes doentes (pecado virou doença). Esta tarefa foi tirada do pastor, o qual conhece a alma melhor que qualquer outro, e foi dada a conselheiros (psicólogos) dentre os quais, muitos nem mesmo crêem em Deus. Eles não podem curar males espirituais. O "Diretório" de Baxter mostra o gênio de um homem, que pôde aplicar as Escrituras em todas as áreas da vida. O Dr. James Packer chama este livro de o maior livro cristão já escrito.

O livro "A Prática da Piedade" de Lewis Bayly é um modelo de manual devocional Puritano. A idéia era a de regular o dia inteiro de um indivíduo pelas Escrituras. O Dr. John Gerstner diz que este livro deu início ao movimento Puritano.

Não havia nenhuma área da vida, criam os puritanos, que não devesse ser regulada pelas Escrituras. Mesmo o tempo a sós deveria ser posto à disposição do uso da piedade. Nathanael Ranew escreveu uma refinada obra — intitulada "Solidão Aperfeiçoada pela Meditação Divina". Esta é uma obra puritana clássica sobre meditação espiritual. A premissa de Ranew é que, mesmo quando o cristão está só ele pode "melhorar-se" a si mesmo usando sua mente para o bem, meditando em Deus e em Seus atributos. Se existisse um 11º mandamento, este seria: "Não deveis desperdiçar tempo".

Os Puritanos escreveram vários destes "manuais". John Preston pregou cinco sermões em I Tessalonicenses 5:17 sobre a oração, entitulados "O exercício diário dos Santos", os quais estão incluídos no "Os Puritanos e a Oração".

R.C. Sproul escreveu o prefácio do livro de Jeremiah Burroughs "Tratado sobre Mentalidade Terrena". Eis aí um livro sobre o grande pecado de pensar como o mundo pensa, ao invés de pensar os pensamentos de Deus e segundo Deus.

Os Puritanos tinham característica pastoral forte, além de serem muito teológicos. Christopher Love — sobre quem eu escrevi um livro "Um Espetáculo para Deus" — disse o seguinte, em seu terceiro volume sobre sermões de crescimento na graça:

Não olhe demais para os seus pecados, mas olhe também para a sua graça ainda que fraca. Cristãos fracos olham mais para os seus pecados do que para suas graças recebidas; Deus olha para suas graças e não atenta tanto para seus pecados e fraquezas. O Espírito Santo disse: "Ouvistes da paciência de Jó"; mas Deus leva em conta não o que existe de mau em seu povo, mas o que é bom nele. É mencionado o fato que Raabe escondeu os espias, mas nada é mencionado a respeito da mentira que ela contou. Aquilo que foi bem feito foi mencionado como louvável sobre Raabe. Já o que foi inapropriado está sepultado em silêncio, ou pelo menos não está registrado contra ela e nem como acusação contra ela . Aquele que desenhou o quadro de Alexandre com sua cicatriz na face, desenhou-o com seu dedo sobre a cicatriz. Deus coloca o Seu dedo de misericórdia sobre as cicatrizes de nossos pecados. Oh, como é bom servir um Senhor assim, que é pronto a recompensar o bem que fazemos e ao mesmo tempo está pronto a perdoar e esquecer o que é inapropriado. Por isso, vocês que têm só um pouco de graça, lembrem-se que ainda assim Deus terá os Seus olhos sobre esta pequena graça. Ele não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega. (Is 42:3)

7) Os Puritanos nos ajudarão no evangelismo que é bíblico. Grande parte do evangelismo feito hoje é centrado no homem, mas o evangelismo Puritano era centrado em Deus. Os puritanos tinham outra doutrina, que se tem perdido hoje em dia e tem o nome de "buscar" ou "preparação para a salvação". Era uma doutrina amplamente difundida entre os Puritanos ingleses e os reformadores. Foi ensinada por Jonathan Edwards em seu sermão "Forçando a entrada no Reino", e antes disso foi ensinada por seu avô Solomon Stoddard. Stoddard escreveu "Um Guia para Cristo", q ue John Gerstner chama de o mais refinado manual sobre evangelismo reformado que ele conhece. Além deste, você poderia querer ler "O Céu tomado por violência" de Thomas Watson.

A doutrina da busca nos ensina que Deus trabalha através de meios, e se um homem deseja ser salvo ele deve se apropriar destes meios. Deixe-me dar-lhe um exemplo. A fé vem pelo ouvir, e os homens são salvos pela fé, ou melhor, os homens são salvos pela graça através da fé. Mas se preciso de fé para agradar a Deus e eu percebo que não tenho fé para crer em Deus para a salvação, o que eu deveria fazer?

E é aqui que entra o "buscar". Se a fé vem pelo ouvir, então eu devo ouvir alguém pregar um sermão ortodoxo sobre Cristo. Se Deus vai me salvar, seu meio normal será através da pregação do evangelho. Deus não tem obrigação de me salvar se eu escuto um sermão, mas Ele provavelmente não me salvará sem que eu escute um sermão sobre a graça de Deus.

O pecador, então, deve fazer todo o possível dentro de seu poder natural para amolecer o seu coração. Ele não pode merecer a salvação, mas pelo menos ele pode "cooperar" com Deus em sua salvação ao invés de opor-se a Ele. Eu não me torno agradável a Deus por estar buscando — desde que o esteja fazendo sem interesse próprio — mas eu estou sendo menos ofensivo a Deus ao invés de mais ofensivo; e mesmo se Deus não me salvar, a minha punição no inferno será menor. E os Puritanos diriam: "Se você não pode ir a Deus com um coração reto, então vá a Ele procurando por um coração reto". Busque ao Senhor.

8) Ler os Puritanos nos ajudará a ter prioridades certas. Segundo Coríntios 5:9 diz: "É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe ser agradáveis". Um puritano falou da seguinte maneira: "O sorriso de Deus é minha maior recompensa; Sua expressão de desaprovação é meu maior temor". Se é verdade que nós nos tornamos como as pessoas com as quais gastamos o nosso tempo, então é um investimento para a eternidade gastarmos tempo com os puritanos. Então, gaste o seu tempo com o melh or! O livro "Temor Evangélico" de Jeremiah Burroughs é sobre termos a prioridade correta. Trata-se de sete sermões sobre Isaías 66:2, sobre o que significa tremer da Palavra de Deus. Se Deus fala "É para este que olharei,..., e que treme da minha Palavra", então seria sábio sabermos o que é tremer da Palavra de Deus.

9) Os Puritanos podem nos ajudar a esclarecer a questão de como um homem é justificado diante de Deus. Outro título do Solomon Stoddard é sua obra prima sobre justiça imputada: "A Segurança da Apresentação, no Dia do Juízo, na Justiça de Cristo". Não tenho como não enfatizar extremamente a importância de ser são e sóbrio sobre esta questão de justiça imputada nestes dias onde tantos não estão sendo sóbrios e claros na eterna diferença entre justiça imputada ou atribuída e justiça infundida. A diferença entre estas duas posições não é só a dist ância entre Roma e Genebra; mas é também a distância entre o céu e o inferno. Eu recomendo para as suas leituras sobre este assunto, o livro "Justificação Somente Pela Fé". Se você quer especificamente um livro puritano sobre esta questão, então leia "Os Puritanos e a Conversão", ou leia o livro de Matthew Mead, "O Quase Cristão Descoberto". Mead lista vinte e seis coisas que uma pessoa deve fazer como cristã. Fazendo estas coisas não prova que ela realmente seja cristã, no entanto não fazê-las prova que ela não é cristã. Não é para a fraqueza do coração. Esta era a versão do século 17 de "O Evangelho Segundo Jesus", 300 anos antes de John MacArthur ter escrito aquela obra preciosa.

10) Finalmente, olhemos para os Puritanos e a Autoridade da Palavra. Sabemos que as Escrituras são Deus falando conosco. O versículo clássico de Timóteo nos diz que "Toda Escritura é inspirada por Deus" (literalmente soprada por Deus). E sabemos que seja o que for que Deus diga, nós devemos obedecer. De fato foi isto que o povo de Deus do Velho Testamento percebeu. Em Êxodo 24:7 eles declaram: "Tudo que o Senhor falou nós faremos, e seremos obedientes". Não há nada que o Senhor diga que nós não devamos fazer; e se não o fazemos nós não somos cristãos! A coisa é simples assim!

Um puritano que era membro da Assembléia de Westminster em 1643 escreveu: "A autoridade da Escritura Sagrada, por causa da qual se deve crer e obedecer, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja; mas depende totalmente de Deus (que é a própria Verdade) o autor da mesma. E por isso ela deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus".

Sabemos que quando Deus fala nós devemos ouvir. De fato, grande parte da Grande Comissão é ensinar às pessoas a se submeterem à autoridade da Palavra de Deus "ensinando-os a observar tudo que vos tenho ordenado" (Mt 28:20).

Isto é o que surpreendia as pessoas quando Jesus ensinava. Mateus 7:29 diz que quando Jesus ensinava, as pessoas ficavam maravilhadas. Qual era a base para a admiração delas? "Ele estava ensinando-as como quem tem autoridade, e não como os escribas".

É exatamente assim que os pregadores devem pregar: com autoridade. É um mandamento de Deus que eles assim o façam. "Falai estas coisas, exortai e reprovai com toda autoridade. Não deixe que ninguém te despreze" Tito 2:15. Enquanto afirmamos que se Deus dissesse alguma coisa nós o obedeceríamos, nós nos esquecemos que o ministro fiel é Deus falando a nós hoje. É a visão da Reforma do ministério do púlpito: quando um ministro fiel está expondo a Palavra de Deus, é a voz de Deus que você está ouvindo e não a de um homem. E isto quer dizer que deve ser obedecida.

Mas o que você escuta após o sermão? O melhor que você ouvirá é "Isto é interessante, terei que pensar sobre isto". Mas Deus nunca nos deu Sua Palavra para ter nossa opinião ou para pensarmos sobre o assunto. Ele nos deu Sua Palavra para que a obedeçamos. O Puritano Thomas Taylor escreveu:
A Palavra de Deus deve ser pregada de tal maneira, que a majestade e a autoridade dela sejam preservadas. Os embaixadores de Cristo devem falar Sua mensagem como se Ele literalmente o fizesse. Um ministro lisonjeador é um inimigo desta autoridade, pois se um ministro deve contar "placebos" e canções doces é impossível que ele não venha trair a Verdade. Resistir esta autoridade ou enfraquecê-la é um pecado temível, seja em homens de alta ou baixa posição. E o Senhor não permitirá que seus mensageiros sejam interrompidos. Os ouvintes devem: a) orar por seus mestres, para que possam transmitir a Palavra com autoridade, com poder e claramente; b) não confundir esta autoridade nos ministros como rudeza ou antipatia, e muito menos como loucura; c) não recusar a sujeição a esta autoridade, nem ficar ofendidos quando ela sobrepuja uma prática onde eles estão relutantes em largar; pois é justo para com Deus apagar a luz daqueles que recusam a luz oferecida.
Deuteronômio 30:20 equipara um Deus de amor com obediência à Sua voz, e diz que é assim que amamos.

Bem, era assim que os puritanos viam as Escrituras. Sua elevada visão de Deus veio de sua elevada visão das Escrituras. E se nós quisermos conhecer a Deus como eles, nós devemos amar Sua Palavra como eles amaram. E este amor aumentará somente através de estudo intenso e diligente. E ler os puritanos é a próxima boa coisa. É como ir a escola com as mentes mais brilhantes que a igreja já teve.

Onde você deveria começar? Recomendo ao iniciante os seguintes títulos:

O Amor Verdadeiro do Cristão ao Cristo Invisível, de Thomas Vincent.
A Maldade do Pecado ou O Dever da Auto Negação, Thomas Watson.
Amostras de Thomas Watson, um pequeno livro de dizeres coletados.
A Graça da Lei, Ernest Kevan; um bom livro sobre o papel da lei na teologia puritana.

Os Puritanos e a Conversão, Os Puritanos e a Oração. Dois excelentes compêndios que dão ao leitor o melhor do pensamento puritano sobre os respectivos temas.


Fonte: http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A INCOMPATIBILIDADE ENTRE ESPIRITISMO E CRISTIANISMO


Artigo completo a ser apresentado no III Simpósio Internacional de Ciências da Religião, em Setembro/2010, na Unicap.

Título original do Artigo: A IMPOSSIBILIDADE LÓGICA DE UM DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO TEÓRICO/DOUTRINÁRIO ENTRE O ESPIRITISMO E O CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO

É possível ser um Cristão Católico e acreditar nos pressupostas da doutrina Espírita? Um fiel Católico Romano, por exemplo, pode, ao mesmo tempo e de forma coerente, acreditar na Ressurreição e na Reencarnação? Existe a possibilidade de convergência entre esses pensamentos que foram, ao longo da história, sempre tratados como antagônicos? Pode haver um intercâmbio de doutrinas e idéias entre Cristãos Católicos e o Espiritismo, sem um interesse proselitista? São questões intrigantes que aguardam respostas.

Cada vez mais o Espiritismo ganha a simpatia de Cristãos brasileiros, em detrimento de ser o Brasil o maior país Católico do mundo. Curiosamente é também o maior país espírita do mundo, segundo organização Espírita[1].

De acordo com o Censo 2000 (IBGE)[2], há 2,3 milhões de espíritas no Brasil. Esse número, obviamente, é contestado pelos espíritas. Um dos mais conceituados médiuns e oradores espíritas da atualidade, Divaldo Pereira Franco, fez a seguinte afirmação em seminário promovido pela Federação Espírita do Ceará – FEEC, em março de 2010: “Temos, segundo estatísticas, mais de sete milhões de espíritas. Mas elas não revelam a verdade [...]. Acho que temos por volta de 15 milhões de espíritas”[3].

Segundo a Revista Veja, esse número pode ser maior que o dobro:

Com uma resposta prática para essa questão crucial e a promessa de comunicação direta com os mortos, o espiritismo tornou-se a religião – ou, pelo menos, a segunda opção religiosa – de 40 milhões de brasileiros. Além dos espíritas professos, existe um número cada vez maior de fiéis de outras religiões, principalmente Católicos Romanos, que se dizem simpatizantes do Espiritismo, principalmente kardecista, e de seu maior ícone: o famoso médium brasileiro Chico Xavier[4].

Estima-se que, pelo menos, trinta por cento dos Católicos Romanos declaram e assumem acreditar, ao mesmo tempo, na Reencarnação e na Ressurreição. O estrondoso sucesso do filme Chico Xavier é uma clara demonstração da simpatia que esses brasileiros, nutrem pela doutrina Espírita. O filme bateu todos os recordes de bilheteria alavancando o cinema nacional, tendo arrecadado mais de vinte e oito milhões de reais, alcançando a incrível marca de seis milhões e cem mil espectadores.

Chaves, escritor Católico, considera a aproximação da Igreja Católica com o Espiritismo uma verdadeira evolução. Diz ele:

O autor desse livro é Católico. A evolução por que passa a igreja caracteriza-se também pela sua posição silenciosa e tolerante diante do crescente número de católicos que estão abraçando a Teoria da Reencarnação em todo o mundo. Trata-se do que já dissemos: a pluralidade de idéias e a unidade na diversidade na Igreja e em todo o Cristianismo da atualidade[5].

E ainda: “Há muitas pessoas que afirmam convictamente que a Reencarnação não está na bíblia. O autor deste livro também foi uma pessoa que pensava assim. Mas ela está, só que de um modo oculto, esotérico ou velado[6]”.

Essa estreita e estranha aproximação dos Cristãos, especialmente Católicos Romanos, com o Espiritismo e com a doutrina da Reencarnação será alvo de nossa reflexão neste artigo. Obviamente que o problema que trataremos aqui não está ligado a juízo de valores. Não será nosso foco a análise da veracidade da doutrina da Reencarnação ou mesmo da principal doutrina Cristã: a Ressurreição.


O problema que se interpõe aqui é se um Cristão, especialmente o Católico, pode, de forma coerente, nutrir, ao mesmo tempo, fé na Ressurreição e na Reencarnação, bem como em outros pressupostos basilares do Cristianismo e do Espiritismo.

Tentaremos demonstrar que esses dois “conceitos doutrinários confessionais” são auto-excludentes; ou seja, para acreditar em um é necessário, automaticamente, descartar o outro, sob pena de incoerência e conflito de idéias.

1- A COERÊNCIA ESPÍRITA FACE AO CRISTIANISMO CATÓLICO

Essa aproximação entre Espiritismo e Cristianismo, especialmente Católico, se dá apenas de forma unilateral, ou seja, enquanto, desavisadamente, muitos Cristãos simpatizam e se envolvem com a doutrina Espírita, eles, por sua vez e de forma muito coerente, pretendem se afastar cada vez mais desse Cristianismo.

Um exemplo clássico desse “coerente” distanciamento do Espiritismo em relação ao Cristianismo Católico é a mudança de nome do mais famoso médium Brasileiro, Chico Xavier:

O seu nome de batismo, Francisco de Paula Cândido, dado em homenagem ao santo do dia de seu nascimento foi substituído pela alcunha pela qual ficaria conhecido, Francisco Cândido Xavier, logo que ele rompeu com o catolicismo[7].
Ainda que outros motivos sejam apresentados como causa da mudança de nome do médium brasileiro, não há como negar o motivo religioso.

Essa prática é comum em outras religiões e tem o objetivo de um rompimento profundo com a situação anterior. O convertido ao Islã, por exemplo, ainda que não de forma obrigatória, costuma mudar seu nome de “batismo”. Tal prática sugere que o nome registrado na sua antiga religião pode ter ligações com o paganismo, politeísmo ou ainda com alguma característica de fé que deve, agora, ser negada. Funciona como uma espécie de “mudança” de cobertura espiritual. Vejamos sinteticamente a motivação da mudança de nome no Islã, para, por fim, concluirmos nossa argumentação sobre a decisão da mudança de nome de Xavier:

O costume remonta uma época (pré-Islâmica), onde o povo árabe, era composto por grandes politeístas e idólatras. Havia milhares de deuses, incluindo até mesmo a lua e o sol, chegando a existir ídolos feitos a partir de tâmaras [...]. Devido a isto, grande parte da população possuía nomes pagãos que iam contra o monoteísmo Islâmico, como por exemplo, Abdul Shams (Escravo do Sol). O Islam veio justamente para combater o politeísmo e reerguer o monoteísmo puro que fora anteriormente pregado por todos os profetas [...]. Tão logo o Islam começou a se expandir pela península arábica, os árabes, outrora pagãos, foram percebendo a grande quantidade de pessoas com nomes politeístas, a solução encontrada foi a substituição do nome verdadeiro por um nome pelo qual os membros da comunidade Islâmica passariam a chamar aquela pessoa. Uma espécie de apelido [...]. O costume se mantêm até hoje, sendo somente obrigatório quando o nome é claramente ofensivo ou pagão[8].

A mudança de nome de Xavier marca, definitivamente, uma mudança radical de religiosidade; uma negação real e contundente com os pressupostos mais basilares de sua antiga Religião. Nada mais coerente!

Muitos Cristãos querendo percorrer o caminho contrário julgam, ingenuamente, poder transitar tranquilamente entre o Cristianismo, especialmente Católico, e o Espiritismo.

Nesse sentido, o exemplo de Francisco Cândido Xavier deve ser seguido. Para crer nos mesmos pressupostos que ele creu, o Cristão, especialmente o Católico, deve, antes, romper definitivamente com tudo que o remete ao Cristianismo.

O Espiritismo pretende ser uma nova revelação, destinada – no dizer de AK – a instituir “a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar” (VII, 269). E como nova revelação o Espiritismo se ufana de ser a “terceira das grandes Revelações” (VI, 23). [...] na realidade o Espiritismo é visceralmente anticristão em seus princípios e doutrinas[9].

Apenas um olhar superficial será capaz de pensar que essa análise está baseada em metodologia tendenciosa em favor do Cristianismo. Naturalmente esse tipo de argumento sofre a acusação de ser leviano e de estar trilhando por uma espécie de etnocentrismo, como se o olhar crítico do Cristão sobre o Espiritismo estivesse carregado de altivez e de um sentimento quase nazista de superioridade. Isso absolutamente não é verdade. O Espiritismo, diante do tema, não assume a postura de inferioridade ou de alguém que está sendo perseguido. Antes, pelo contrário, como veremos, há todo um interesse de sua parte de se desvencilhar do Cristianismo, especialmente do Católico Romano. O Espiritismo não quer ser Cristão, como muitos supõem.

No Jornal Espírita, em sua edição nº 317 de 01/2002, na coluna “qual é sua duvida”, sobre o questionamento se o Espiritismo é Cristão, foi formulada a seguinte resposta, que transcrevemos com o objetivo de reforçar nossa argumentação de antagonismo entre Cristianismo e Espiritismo:

Se tivéssemos outro nome para nos designar talvez fosse bem melhor, pois se ser cristão e ter que aceitar os maiores absurdos só porque constam da Bíblia, é melhor não o sermos [...]. E diante de tantos absurdos que fizeram e ainda fazem os que se dizem cristãos, preferimos somente ser chamados de Espíritas [...]. Não podemos ficar sujeitos às interpretações e dogmas impostos por qualquer pessoa. E nisso o Espiritismo é ímpar entre as religiões[10].

Como fica claro, o Espiritismo quer ser identificado como outra Religião, que não a Cristã. Isso precisa ser entendido e respeitado. É quase uma afronta dizer que um Espírita é um Cristão, em certo sentido.

Não estamos dizendo que os Espíritas estão errados; muito menos que estão certos. Como já deixamos claro, não é esta a nossa intenção neste artigo. Apenas estamos demonstrando que, devido ao antagonismo de princípios, não há a possibilidade de ser um “Cristão convencional”, que tem seus pressupostos fundamentados na inerrância e inspiração da Bíblia e, ao mesmo tempo, um Espírita.

Insistimos nesse tema porque é mais do que claro que a maioria esmagadora dos “Cristãos” que simpatizam com os preceitos Espíritas e que dizem acreditar na “peculiar” doutrina Espírita da Reencarnação, são Cristãos apenas “nominais” ou que não possuem nenhum tipo de conhecimento doutrinário de sua própria igreja. Isto é, não sabem exatamente como sua igreja crê e, por isso mesmo, entendem não haver nenhum problema lógico-doutrinário em crer em um e no noutro, ao mesmo tempo.

Muitos, inclusive, consideram as explicações Espíritas mais convincentes que as de suas igrejas, contudo, insistem em permanecer nelas. Queremos apenas estimular uma tomada de decisão. Nenhum problema em optar pela interpretação Espírita dos fatos e da própria Bíblia. Contudo, a necessidade de abandonar a fé Católica, por exemplo, nesse caso, é a única condição de uma postura coerente. Isso, inclusive, é uma forma honrosa e respeitosa para com aqueles que crêem exatamente como suas igrejas entendem ser uma fé sadia. Há muitos Católicos que acreditam fielmente no que sua igreja ensina; por isso mesmo podem, coerentemente, ser chamados de Católicos e merecem respeito. Não é justo turvar a “água do pensamento doutrinário” Católico e ainda assim receber tal designação.

Os Bispos, de humildes adeptos, tornaram-se poderosos e autoritários [...]. O pensamento profundo de Cristo desapareceu. Só ficaram os símbolos materiais. Essa obscuridade tornava mais fácil governar as multidões [...]. A crença em Satanás e no inferno adquiriu lugar preponderante na fé cristã. Em vez da religião de amor pregada por Jesus, o que prevaleceu foi a religião de terror [...][11].

Chico Xavier, em revelação entregue pelo espírito Emanuel (cujo nome é bem sugestivo) que era “sacerdote católico em sua última reencarnação no Brasil”, afirmando acerca desse Espírito, declara que ele veio “a fim de levar pequena parcela de instrução sobre o catolicismo que, deturpando nos seus objetivos as lições do evangelho tornou-se uma organização política em que preponderam as características essencialmente mundanas”[12].

3- A NEGAÇÃO DA ESSÊNCIA DO CRISTIANISMO
Passaremos a analisar apenas dois dos pontos mais melindrosos da fé Cristã, por conta de delimitação de espaço, negados veementemente pelo Espiritismo; fato que não é do conhecimento de muitos Cristãos, especialmente Católicos Romanos; “ignorância” essa que têm promovido o “intercâmbio religioso” entre essas antagônicas Religiões, no âmbito do chamado “Catolicismo Popular”. Além disso, abordaremos também a questão da caridade no Espiritismo e no Cristianismo.

Não iremos fazer citações para lastrear o pensamento Cristão por dois motivos óbvios: em primeiro lugar por conta de delimitação do tema de nosso artigo. Em segundo lugar, as doutrinas que serão abordadas abaixo não sofrem nenhum tipo de questionamento por nenhuma ramificação do Cristianismo, antes, pelo contrário, são doutrinas basilares que definem se alguém ou algum grupo religioso é ou não Cristão. Portanto, serão tomadas aqui, neste momento, apenas como contraste da “confissão de fé Espírita” que nega, veementemente, esses inquestionáveis pressupostos para todo aquele que quer ser chamado de Cristão.

Reiteramos nossa expectativa de uma necessária tomada de decisão ao lado desta ou daquela Religião.

3.1- O Espiritismo nega a deidade de Cristo
Apenas esse tópico já seria mais que suficiente para qualquer Cristão descartar por completo a simpatia e a possibilidade de continuar crendo nos dois pressupostos: do Espiritismo e do Cristianismo.

Para o Espiritismo Jesus é o espírito do mais alto nível, o mais desenvolvido e exemplo de perfeição moral, por isso, ele é grande Mestre. Ele não é Deus; é um dos filhos de Deus; é o mestre desse planeta; chegou a um estado de perfeição, conhecimento e pureza através de muitas reencarnações.

Ora, se Jesus, segundo o Espiritismo, não é Deus, como tem afirmado a Cristandade em todo o mundo, e, sim, apenas, um dos seus filhos, que difere de nós apenas na quantidade de vezes em que foi reencarnado, logo devemos concluir que ele é apenas um “simples homem evoluído”, cuja dinâmica do processo de Reencarnação nos levará também, automaticamente, um dia, a alcançar.

Em Obras Póstumas, Kardec falando sobre Jesus, afirma: "Importa, pois, (que) se risquem os milagres do rol das provas sobre que se pretende fundar a divindade da pessoa de Cristo"[13].

Em Gêneses, Kardec destrói a crença mais peculiar do Cristianismo:
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz. O Espiritismo não só nega a humanidade de Jesus e sua ressurreição corporal, mas também a Sua divindade[14].: "Segundo definição dada por um espírito ele (Jesus) era um médium de Deus (A Gênese, p. 311, 353).

Em um importante fórum Espírita, sobre Jesus é afirmado o seguinte: “O Espiritismo apenas admite o seu caráter humano, e isso em nada pode ser tomado como absurdo. Rejeitando o dogma da divindade de Jesus, o Espiritismo nega somente o que resultou da elaboração de mentes humanas[15].

No Livro dos Espíritos, mais uma vez é confirmada categoricamente a negação da deidade de Cristo, ou seja, a principal razão de ser do Cristianismo é posta por terra:

Nós, os espíritas, sabendo que Jesus não é Deus, mesmo assim temos dificuldade em compreendê-lo na sua plenitude e de assimilar os seus ensinamentos. Isto por ser Jesus um Espírito sublimado, cujo significado cósmico está acima da nossa mortal capacidade para apreender as coisas transcendentais. E por sermos incapazes de limitá-lo com um mero nome ou expressão definidora, é que o Senhor da Vinha vem recebendo através dos séculos incontáveis cognomes, refletindo tal procedimento a nossa ansiedade de melhor conhecer aquele que foi “o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo”[16].

Concluiremos esse tópico com um dos mais surpreendentes e claros relatos de negação completa da deidade de Cristo e de tudo que caracteriza o Cristianismo, colhido de um dos mais importantes sites Espíritas da atualidade:

O Espiritismo demonstra a impossibilidade de Jesus ser o próprio Deus, afirmando que ele é criatura como todos nós. No entanto, a sua evolução infinitamente maior do que dos homens mais evoluídos da Terra, não é dádiva ou privilégio, e sim conquista. Criado por Deus num tempo infinitamente distante para nós, conquistou a evolução que todos estamos fadados a conquistar um dia [...]. O nosso Jesus não nasceu de uma virgem numa estrebaria em Belém de Judá. Não é unigênito, nem recebeu a visita dos Reis Magos, não foi tentado por inexistentes demônios, nem permanece pregado na cruz. Jesus nasceu e tem nascido em diferentes épocas e lugares nos corações dos homens que descobrem o seu amor. Quase sempre ele aparece em nossa vida num momento de crise, quando sufocamos de dor e desespero. Ele é como o Sol do Meio Dia, ou a luz da alvorada após noite escura e tempestuosa. Sua presença em nossa vida é como o orvalho da madrugada. Ele é o asserenador das tempestades, ordenando aos ventos que se calem, e às ondas que se acalmem. Da mesma forma ele acalma as nossas tempestades interiores, e nos estende a mão quando estamos afundando no mar revolto da vida. O nosso Jesus está sim, de braços abertos, esperando-nos para o amplexo de amor, o ósculo da paz. Aproximamo-nos e ajoelhamo-nos para beijar-lhe os pés. Porém, ele impede o nosso gesto de submissão e aperta-nos contra o seu próprio peito. Depois... Depois abre novamente os braços e seus olhos nos fala claramente: você é livre para ficar ou ir embora... Neste momento, parafraseamos Pedro, e respondemos: Para quem iremos nós, Mestre, se tu tens as palavras de vida eterna?[17].

3.2- O Espiritismo nega a Ressurreição, um dos pilares da fé Cristã

A doutrina Espírita da Reencarnação é a antítese da doutrina Cristã da Ressurreição. São doutrinas auto-excludentes em essência. Nenhuma delas, pelo seu caráter eminentemente religioso, pode ser provada cientificamente; muito embora haja forte reivindicação Espírita para a existência dessas provas em favor da Reencarnação, contudo, ainda não há nenhum registro de publicação científica séria que tenha abonado tal doutrina.

Sobre essas supostas provas, Blank relembra uma velha máxima da sociologia da religião: “toda concepção religiosa produz, por sua vez, as experiências correspondentes a essa mesma concepção”[18]. Portanto, assim como todos os outros temas pertinentes ao binômio Espiritismo versus Cristianismo, esse, e principalmente esse, torna-se uma questão de fé e não de provas. Assim sendo, deve haver uma escolha: “acreditar” na solução Espírita para a vida após a morte – a Reencarnação -, ou “acreditar” na solução do Cristianismo para esse mesmo problema – a Ressurreição.

Ante tal situação, devemos com toda sinceridade, aceitar um fato: a decisão pessoal a favor da Reencarnação ou de uma Ressurreição única e definitiva continua sendo, no fundo, uma decisão de fé. Tal decisão deve ser de cada um. E a única base certa e definitiva que temos é a nossa confiança de não sermos enganados por aqueles que se tornaram a base de nossa decisão. Não podemos escapar da necessidade que temos de decidir. Não é possível andar nos dois trilhos ao mesmo tempo. É o que tantos gostariam de fazer: ser cristãos e adeptos da Reencarnação, ao mesmo tempo. Isso não é possível[19].

Os Espíritas costumam dizer também que a Ressurreição é uma espécie de conclusão lógica da Reencarnação, numa clara tentativa de harmonizar “água e óleo”. Em um famoso site Espírita, numa “ação pedagógica catecismal” – perguntas e respostas – essa idéia é confirmada::

Pergunta 4: O dogma da Ressurreição da carne é a consagração da Reencarnação ensinada pelos Espíritos? Resposta: Como quereis que seja de outro modo? Dá-se com essa expressão o que se dá como tantas outras, que só parecem desarrazoadas aos olhos de certas pessoas que a tomam ao pé da letra e por isso são levadas à incredulidade [...]. A doutrina da pluralidade das existências se conforma à justiça de Deus; somente ela pode explicar o que sem ela é inexplicável. Como quereríeis que esse princípio não estivesse na religião? Pergunta 5: Então a igreja, pelo dogma da ressurreição da carne, ensina a doutrina da Reencarnação? Resposta: Isso é evidente. Essa doutrina é a conseqüência de muitas coisas que passaram despercebidas [...]. Não se pode, portanto, racionalmente admitir a ressurreição da carne, senão como uma figura simbolizando o fenômeno da reencarnação[20].

Essa mesma tentativa de harmonização é feita em outro importante site Espírita: “Assim, quem crê na reencarnação, não nega a ressurreição, como o afirmam, freqüentemente, alguns anti-reencarnacionistas”[21].

Em boa verdade, a interpretação da Ressurreição trazida pelo Espiritismo nega completamente o significado empregado pelo Cristianismo, em toda sua história:

Para nós a ressurreição é a condição do espírito voltar a viver no mundo espiritual de onde veio e no futuro quando atingir a perfeição ela será definitiva. Voltar à carne é reencarnação, ou seja, o espírito que está no momento vivendo no mundo espiritual retorna à carne para uma nova etapa de aprendizado e evolução. Ressurreição da carne é impossível, pois nosso corpo físico ao se decompor devolverá à natureza os elementos de quem tomou emprestado, é o que afirma a ciência. E afirmamos que a ciência é de Deus[22].

Até que ponto existe essa possibilidade de fusão entre esses antigos conceitos?
Vejamos de forma sintética suas definições:

a) Reencarnação: É a volta do espírito ao plano material. Quando o homem morre, o corpo desce à sepultura e o espírito segue para o mundo espiritual. A doutrina da reencarnação sustenta que o espírito retorna à vida terrena, em novo corpo, tantas vezes quantas sejam necessárias. O objetivo desse retorno “é fazê-los chegar à perfeição” e proporcionar um “melhoramento progressivo da Humanidade”. “As reencarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso é quase infinito” (Quesitos 132, 167 e 169 do Livro dos Espíritos)[23]. “A Reencarnação significa a volta do Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o antigo”[24].

b) Ressurreição: Significa a vivificação do corpo morto, não importa quanto tempo esteja nesse estado. Significa o reencontro do espírito com o corpo original: “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais pelo seu Espírito que em vós habita” (Romanos 8.11). Na vinda do Senhor, “os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro”. Os que estiverem vivos na Sua vinda serão arrebatados e estarão para sempre com o Senhor (1 Tessalonicenses 4.16-17). Sob inspiração divina, o apóstolo Paulo declara: “Cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também cremos que aos que dormem em Jesus, Deus os tornará a trazer com ele” (v.14). A redenção dos cristãos abrange o corpo (Romanos 8.23). Exemplos na Bíblia Sagrada se contrapõem à doutrina da reencarnação. Ao ladrão que se arrependeu, Jesus prometeu: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23.43). Esse ladrão tinha motivos de sobra para reencarnar umas mil vezes até se tornar perfeito. Jesus perdoou seus pecados e lhe garantiu a vida eterna. Moisés e Elias apareceram na transfiguração de Jesus. Nada indica que tenham retornado à vida corpórea para serem purificados. Foram reconhecidos pela fisionomia original. De acordo com o ensino da Bíblia Sagrada, só há uma separação corpo-espírito, i.e., o homem só morre uma vez: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hebreus 9.27-28). Como vimos, o homem morre e fica aguardando julgamento. Haverá um dia em que todos serão julgados[25].


Essencialmente as doutrinas da Reencarnação e da Ressurreição diferem no seguinte aspecto: Na Ressurreição a alma unir-se-á ao “mesmo corpo”, através de uma ação miraculosa de Deus. Na Reencarnação, a alma uni-se a “outro corpo” completamente diferente do anterior e sem nenhuma espécie de resquício ou ligação. É uma aventura completamente outra.

Estamos diante de duas opções extremamente claras e que explicam, pelo viés da religiosidade, que pressupõe, sempre, o elemento fé, como será a vida após a morte. Assim como são claras essas explicações, também deve ser clara a escolha do “fiel Cristão”.

O Cristianismo Católico e também Protestante já fizeram sua escolha pela Ressurreição. São religiões confessionais como também o Espiritismo o é. Ou seja, elas confessam publicamente e por escrito aquilo em que crêem.

Ninguém é obrigado a ser Cristão Católico ou Protestante. É uma questão de opção, de simpatia, de entendimento pela conformação da verdade. Por isso mesmo, o Cristão, diante de tudo que já mencionamos, terá uma séria escolha a fazer: acreditar e aproximar-se ainda mais dos pressupostos de sua religião como a Ressurreição, por exemplo, ou, ao contrário, abdicar desse título e dedicar-se de corpo e alma aos pressupostos do Espiritismo como o da Reencarnação, por exemplo. É mais justo, mais honesto e mais saudável à sua própria fé.

3.3- A questão das boas obras para o Espiritismo e para o Cristianismo
O Espiritismo é considerado e reconhecido pela sua grande quantidade de obras de caridade. São obras realmente louváveis, do ponto de vista social. Os Espíritas têm diminuído a dor e o sofrimento de muitas pessoas ao longo de toda sua trajetória. São inúmeros orfanatos, abrigos de idosos etc. Por esse aspecto, inclusive, o Espiritismo ganha status de Cristianismo, fazendo quase ocultar as enormes diferenças doutrinárias entre um e outro. Há quem diga que é, na realidade, a única religião que pratica realmente o autêntico Cristianismo:

O Espiritismo, com a ajuda de espíritos mais evoluídos, descobriu as verdades do Cristianismo Primitivo, as quais se identificam plenamente com a essência dos Evangelhos, pois que eram os primeiros cristãos aquelas pessoas que mais ligadas estavam aos autênticos ensinamentos de Jesus, ensinamentos esses que lhes chegaram por intermédio dos próprios apóstolos e primeiros discípulos de Jesus[26].

É fora de qualquer questionamento que Jesus ensinou e mandou que se praticassem as boas obras a todas as pessoas. Nesse sentido, cumprem fielmente aos ensinamentos de Cristo?

Essa quer ser, talvez, a marca Cristã mais forte presente no Espiritismo. Sua eficácia no socorro aos mais necessitados tem arrebanhado milhares de Cristãos, especialmente Católicos, a simpatizarem com suas doutrinas. Essa marca tem sido, sem dúvida, a porta de entrada para o conhecimento, admiração e encantamento com o Espiritismo, de tal forma que crer na Reencarnação é apenas uma conseqüência dessa iniciação contemplativa.

Mas, a questão é: o que os faz cumprir com tanto empenho esse mandamento e realizar o número de obras de caridade que realizam? Será mesmo que a motivação é só “caridade por caridade”? Isto é, amor incondicional e sem “segundas intenções” pelas pessoas sofridas?

Essa indagação é extremante importante para verificarmos o quanto o Espiritismo está perto ou longe dos preceitos reconhecidamente cristãos, uma vez que foi o próprio Cristo quem estabeleceu os moldes e a motivação de toda obra de caridade:

6.1 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. 6.2 Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. 6.3 Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; 6.4 para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará (Mateus 6:1-4)[27].
Esse texto é emblemático. As ricas lições nele contidas nos advertem que devemos praticar a caridade, contudo, essa prática não pode, em hipótese alguma, ser contaminada por outra intenção que não a de promover a amenização da dor e do sofrimento do próximo. Essas obras de caridades devem ser praticadas, inclusive, em secreto. Não se deve divulgar o que se faz, já que a única motivação, como já dissemos, deve ser o beneficiamento do próximo e não o de quem está praticando a caridade. Curiosamente essa é a fonte da maior admiração dos Cristãos, especialmente Católicos, pelos Espíritas. Aquilo que os faz aproximar-se com um sincero desejo de ter também, assim como os Espíritas, essa condição de piedade, num quase pedido de desculpas por não ver sua religião agir assim, como esse modelo. Mas, tudo isso não deveria ficar em oculto, segundo os preceitos estabelecidos por Jesus?

Qual a motivação do Espírita para a reconhecida aptidão à prática da caridade?

O capítulo II do livro IV do Livro dos Espíritos, que fala das penas e gozos futuros, bem como das condições para a remissão da pena, define que tudo o que recebemos hoje, é conseqüência de nossos atos no passado, e que tudo o que iremos receber no futuro, é conseqüência de nossos atos de agora em diante. Vejamos o texto com alguns grifos:

O estado da alma após o desencarne, estado de felicidade ou de sofrimento, depende dos atos praticados nesta e em outras vidas. Não há recompensa ou sofrimento gratuito e eterno; há sim o resultado da Lei de Causa e Efeito (carma) [...]. A soma das penas é proporcional à soma das imperfeições, assim como o gozo e a felicidade celestial resulta das virtudes cultivadas em vida. Como há uma Lei do Progresso (Lei de Deus) que faculta a todas as almas atingir a perfeição, através do arrependimento, da expiação e da reparação, juntamente com a possibilidade das reencarnações, temos que o inferno é um estado de alma transitório e está em toda a parte onde haja almas sofredoras, assim como o céu está igualmente onde houver almas felizes. O espírito para se libertar do círculo da dor e do sofrimento, inclusive da necessidade de reencarnar, causados pelo uso perverso ou equivocado do livre-arbítrio, que o leva a desrespeitar a Lei de Deus, consciente ou inconscientemente, conhecedor ou ignorante da Lei, necessita expiar as faltas cometidas [...].O arrependimento, conquanto seja o primeiro passo para a regeneração, não basta por si só; são necessárias e a reparação. Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências. O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros numa existência, por fraqueza ou má-vontade, achar-se-á numa existência ulterior em contato com as mesmas pessoas que de si tiveram queixas, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o reconhecimento e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito [...]. Compreendendo, assim, o significado de penas e recompensas, devemos nos esforçar para reparar as faltas cometidas em vidas anteriores, ou nesta vida mesmo, e aproveitar ao máximo a experiência e a oportunidade na carne, buscando incessantemente o progresso moral [...]. Toda conquista na evolução é problema natural de trabalho, porque todo progresso tem preço; no entanto, o problema crucial que o tempo impõe é débito do passado, que a Lei apresenta à cobrança. Retifiquemos a estrada, corrigindo a nós mesmos. Resgatemos nossas dívidas, ajudando e servindo sem distinção. Tarefa adiada é luta maior e toda atitude negativa, hoje, diante do mal, será juro de mora no mal amanhã[28].

Qual a motivação do Espírita para a reconhecida aptidão à prática da caridade? Não seria, ao contrário do que ensinou Jesus, uma espécie de “auto-caridade”? Se fosse possível retirar-lhes a doutrina do Carma, ainda seriam conhecidos por sua caridade? A idéia de praticar caridade para “obter algum tipo de benefício” está tão distante do ensinamento de Cristo quanto pode estar.

CONCLUSÃO
Diante do que expomos, esperamos ter deixado claro que não há possibilidade de intercâmbio, nem de nenhuma espécie de ecumenismo entre o Cristianismo, especialmente em suas vertentes mais conhecidas - Catolicismo e Protestantismo – e o Espiritismo; pelo menos na perspectiva do fiel. Isso não significa, em hipótese alguma, intransigência e impossibilidade de diálogo inter-religioso, entendido como o respeito pela crença do outro.

Também não estamos na contramão, necessariamente, dos recentes avanços da Ciência da Religião, isto é, o diálogo Inter-Religioso, a Interdisciplinaridade e, mais recentemente, a Transdisciplinaridade. Entendemos que as buscas pelo “Terceiro Incluído” podem significar, segundo seus defensores, o fim das lutas e das guerras religiosas, em seus mais variados níveis. Contudo, entendemos também que essa categoria não se aplica no caso de nossa análise e por um motivo muito simples: estamos tratando de crenças confessionais. Ou seja, com religiões que pré-definem, por escrito, aquilo que crêem e que seus adeptos devem crer. Para “incluir” uma terceira possibilidade, isto é, crer na Ressurreição e na Reencarnação, ao mesmo tempo, por exemplo, como marcas desses modelos religiosos, seria necessário a “recriação” tanto de uma Religião quando da outra.

Além disso, lembramos que “A lógica do terceiro incluído não abole a lógica do terceiro excluído: ela apenas limita sua área de validade”[29]. Em nossa avaliação, o tema abordado por esse artigo não extrapola essa área de validade.

Por quanto essa “nova lógica” esteja sendo comemorada, lembramos ainda que ela sofre duras críticas e que não há unanimidade quando à sua utilização em outras áreas de conhecimento que não a física quântica:

Edgar Morin explicitamente faz crítica à transdisciplinaridade como sendo um processo de nadificação do ser. É verdade que se alega a necessidade de uma religação dos saberes; que se critica o racionalismo estreito e se quer uma abertura para o complexo, o contraditório, o plural [...]. Mas a diferença é que os pensadores de hoje chegam na maior parte das vezes a uma pulverização total da realidade. É uma transdisciplinaridade que não dá liga, não faz sentido. Não há nada que a unifique, porque tudo é aleatório[30].

Respeito, diálogo, mas também coerência de confessionalidade. Saber em que crer não significa, necessariamente, querer impor sua religiosidade sobre a do outro.

BIBLIOGRAFIA

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[1] Conforme: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/apaiva/brasil-pais-mais-espirita.html. O importante expoente Espírita, Divaldo Pereira Franco, em entrevista ao Jornal Diário do Nordeste, de Fortaleza, explica os motivos que tornam o Brasil o maior país Espírita do mundo: Diário - Mas por que o Brasil é o maior país espírita do mundo? Divaldo - Pela nossa miscigenação. Nossas heranças indígenas e africanas. E também por causa da cultura européia, portuguesa. O português é um povo muito crente. Veja a mudança dos deuses convencionais realizada no Brasil pela nossa herança africana. São muitas. Oxalá é o Senhor do Bonfim; Janaína é Nossa Senhora. Quando o espiritismo chegou ao Brasil, por volta de 1875, houve uma reação acadêmica e clerical, hoje suplantada. Por outro lado, as doutrinas ortodoxas estão em crise por causa da decadência dos valores e o academicismo encontra-se arrebentado em conseqüência das conquistas modernas. Tudo que era paradigma no Século XX, não é mais no Século XXI, conforme: http://www.mundoespirita.com.br.[2] Conforme Federação Espírita Brasileira, disponível em: http://www.febnet.org.br/site/conheca.php.[3] Conforme http://www.mundoespirita.com.br/index.php?act=conteudo&conteudo=874.[4] Conforme: http://veja.abril.com.br/110505/p_112.html[5] CHAVES, Jose Reis. A reencarnação: segundo a bíblia e a ciência. 1998, p.156[6] Chaves, 1998. P.59.[7]Conforme: http://www.diariodepernambuco.com.br/vidaurbana/especiais/chico_xavier/historico.shtml[8] Conforme: http://mulhernoislam.blogspot.com/2010/02/por-que-os-convertidos-mudam-de-nome.html, acessado em 19/08/2010.[9] KLOPPENBURG, Boaventura. O Espiritismo no Brasil: orientação para os católicos. Petrópolis: Vozes, 1960, p.369[10] Conforme:http://www.portaldoespirito.com.br/portal/artigos/paulosns/espiritismo-eh-cristao.html.[11] LÉON.Denis. Cristianismo e Espiritismo. FEB. 2002., p.40.[12] Emmanuel; XAVIER, Francisco Cândido. Há 2000 anos: episódios da história do cristianismo no século I : romance 18 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1983. p.27.[13] KARDEC, Allan. Obras póstumas. 9. ed. Rio de janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1942.p.126.[14] KARDEC, Allan. A gênese: Os milagres e as predições segundo o espiritismo. 28. ed. Rio de Janeiro: Feb, 1985. P.311,347.[15]http://www.forumespirita.net/fe/artigos-espiritas/quem-e-jesus-e-qual-a-sua-missao-segundo-espiritismo/[16] KARDEC, Allan. O livro dos espíritos: . 87. ed. São Paulo: Instituto de difusão espírita, 1994. 625[17]http://www.espirito.org.br/portal/artigos/amilcar/jesus-para-o-espiritismo.html, acessado em 27/07/2010.[18] BLANK, Renold J., Reencarnação ou ressurreição: Uma decisão de Fé. 3. ed. São Paulo: Paulus, 1995. p.8.[19] BLANK, 1995, p.10.[20] Conforme: http://www.comunidadeespirita.com.br/perguntasresp/ressurreicao%20x%20reencarnacao.htm[21] Conforme: www.espirito.org.br/portal/artigos/jose-chaves/a-universidade.html[22] Conforme:http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/presbiterianismo-e-reencarnacao.html
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